A produção de leite em bases
sustentáveis e competitivas é uma das condições iniciais para a segurança
alimentar da população brasileira e a outra condição é que o alimento chegue às
mãos dos consumidores, como um produto saudável e nutritivo, na forma de leite
fluido ou de derivados lácteos. Atenta a esses fatores, a pesquisadora do IZ,
Claudia Rodrigues Pozzi, veterinária e doutora em Microbiologia, apresenta
resultados de estudos realizados no Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, juntamente com
pesquisadores da área, no Centro de Análise em Pesquisa de Bovinos de Leite do
IZ.
Para Claudia, as mudanças de
hábitos e a maior conscientização dos consumidores pressionam cada vez mais por
melhorias na qualidade do leite. Para competir neste cenário, os produtores
brasileiros têm grandes desafios pela frente.
“O leite necessita de qualidade,
tanto em seus aspectos físico-químicos, como organolépticos – sabor e odor
agradáveis –, ausência de agentes patogênicos, carga microbiana reduzida, baixa
contagem de células somáticas e ausência de contaminantes – antibióticos,
pesticidas, micotoxinas”, detalha Pozzi.
O aumento de produtividade, a
redução dos custos de produção e a melhoria nos padrões de qualidade dos
produtos finais, segundo o Secretário da Agricultura e Abastecimento, Arnaldo
Jardim, “são questões que precisam ser focadas por todos os agentes da cadeia
produtiva”. “As diretrizes para atender a demanda e alcançar um produto de alta
qualidade já estão previstas nos programas de pesquisa estabelecidos pela gestão
do governador Geraldo Alckmin”, enfatiza Jardim.
Laboratório IZ - Pesquisa realizada
no Laboratório de Qualidade do Leite do IZ, financiada pela FAPESP, avaliou 09
propriedades leiteiras do Estad
o de São P
aulo onde se mediu a ocorrência natural da AFM1 no
leite dos balões coletores de
vacas em lactação e dos tanques de refrigeração durante 60 dias em intervalos
de quinze dias cada.
A detecção e quantificação de AFM1 foram
realizadas empregando-se coluna de imunoafinidade para purificação associada à
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE).
Das 540 amostras de leite de balões coletores
analisadas, em 12% foi observada ocorrência da AFM1. A média das
concentrações foi de 0,144µg/L, com resultados que variaram de 0,05 µg/L a 9,83
µg/L.
Das 38 amostras de leite dos tanques de
refrigeração avaliadas 16% estavam contaminadas com AFM1 com níveis
que variaram de 0,44µg/L a 2,65 µg/L, onde 83% destes, com níveis superiores
aos permitidos no Brasil de 0,5µg/L.
As fazendas que apresentaram as maiores
contaminações no leite também foram as que apresentaram os maiores níveis de
contaminação de aflatoxina B1 nas dietas com níveis de até 194, µg/Kg, bem
acima dos limites máximos recomendados pelo MAPA de 20µg/Kg para rações animais.
Há necessidade de se monitorar e estudar a presença
de aflatoxinas em ingredientes de rações e no leite a fim de se traçar
políticas públicas de controle da micotoxina. Outra pesquisa que esta sendo
realizada no Laboratório de Qualidade do leite, financiada pela FAPESP, estuda
fatores relacionados à ocorrência natural de fumonisinas e zearalenona em
alimentos destinados a vacas em lactação, cujos produtos de biotransformação
são passíveis de serem transferidas ao leite.
Contaminação - As
micotoxinas, produtos do metabolismo secundário de fungos, ocorrem em
diferentes partes do mundo e quando presentes nos alimentos e rações podem
representar um risco potencial para a saúde dos homens e animais. Entre as
micotoxinas de grande interesse para a Saúde Pública e de importância econômica
estão as aflatoxinas, ocratoxinas, tricotecenos, zearalenona, fumonisinas e os
alcalóides do ergot.
As
micotoxinas podem entrar nas cadeias alimentares animal e humana, por meio de
contaminação direta ou indireta. A contaminação direta ocorre por meio do
consumo de grãos de cereais ou subprodutos e derivados ou qualquer alimento que
apresente micotoxinas.
Os
animais que se alimentam com rações contaminadas podem excretar micotoxinas ou
produtos da biotransformação dessas moléculas no leite, carne e ovos, constituindo-se
em fonte de contaminação indireta para os humanos. A ANVISA em 2011, através da Resolução 274,
recomendou os LMT de várias micotoxinas em alimentos destinados à alimentação
humana.
Fatores que favorecem o desenvolvimento e proliferação das micotoxinas e
afetam a saúde humana e animal
Os fungos crescem e se proliferam
em grãos de cereais, principalmente, milho, trigo, cevada, sorgo, algodão,
ingredientes básicos da dieta de vacas leiteiras, seja na forma de concentrados
ou volumosos, conservados ou não sob a forma de silagem. Os fungos podem se
desenvolver em condições de campo, durante o transporte ou durante o período de
armazenamento dos alimentos, se as condições forem favoráveis ao seu
crescimento.
Os fatores que favorecem o
desenvolvimento de fungos e a produção desses metabólitos incluem a
susceptibilidade do substrato à colonização do fungo, fatores físicos como
temperatura do ambiente, umidade do substrato, umidade relativa do ar, danos
mecânicos provocados nas sementes durante a colheita ou ataque de insetos e
tempo de armazenamento.
Fatores biológicos como a
capacidade do fungo em produzir micotoxinas, quantidade de esporos viáveis e
interação de diferentes fungos no mesmo substrato também devem ser
considerados.
Mais perigosa - Dentre
as micotoxinas conhecidas, as aflatoxinas são consideradas as mais perigosas
devido a sua ocorrência em alimentos e rações, e pelo seu efeito carcinogênico,
mutagênico e teratogênico, representando, um risco significativo à saúde humana
e animal.
Rações contaminadas
por aflatoxinas, além de reduzir o desempenho e afetar o estado geral da saúde
do animal, constituem um risco para seres humanos, uma vez que produtos animais
contendo resíduos de aflatoxinas podem ser consumidos por pessoas com possíveis
danos a saúde.
Cita-se
como exemplo o fato de que a aflatoxina B1 presente nas rações, após
o consumo pelos animais, é absorvida e um processo de biotransformação hepática
produz aflatoxina M1 que é eliminada no leite. Apesar da grande maioria dos
dados encontrados sobre AFM1 citar a ocorrência em leite de vaca,
também pode ser detectada no leite de outras espécies animais, inclusive a
exposição de mulheres lactantes a uma dieta altamente contaminada com AFB1
pode ocasionar contaminação do seu leite.
Níveis tolerados - A maioria dos países
desenvolvidos regulariza os níveis máximos tolerados para AFM1 no
leite e derivados. Os limites são altamente variáveis, países membros da
Comunidade Européia, por exemplo, estabelecem o limite de 0,05 μg/L como
tolerável, enquanto a agência reguladora americana, FDA (Food and Drug Control)
estabeleceu a concentração máxima permitida no leite em 0,5μg/L.
Essa
norma tem sido adotada por alguns países da América Latina, entre eles os que
formam parte do Mercosul, como Brasil, Argentina, Paraguai,Uruguai e Venezuela.
No Brasil, a resolução no 274, da Agência Nacional Vigilância
Sanitária(ANVISA), de 15 de outubro de 2002, estabeleceu os limites máximos de
0,5 µg/L para leite fluido, 5 µg/kg para leite em pó e em 2011 a resolução nº7
de 18 de fevereiro de 2011 foi aprovada ratificando os limites para leite
fluido e em pó e acrescentando o limite de 2,5 µg/kg para queijos (ANVISA,
2011).
Lisley Silvério (MTb.
26.194)
Jornalista – Assessora de Imprensa
Assistente Técnico de Pesquisa Científica e Tecnológica II
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