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12/12/2015

Pesquisa sobre pastagem consorciada é desenvolvida pelo Instituto de Zootecnia

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Zootecnia, está desenvolvendo uma pesquisa de pastagem consorciada, uma tecnologia que utiliza nitrogênio na pastagem, via fixação biológica, causando menos danos ao meio ambiente, em comparação à adubação nitrogenada através do uso de fertilizantes.

De acordo com pesquisadores do IZ, a tecnologia é uma fonte alternativa de fornecimento do N ao sistema é a introdução de leguminosas forrageiras em áreas de pasto com gramíneas (capins). “As leguminosas fixam nitrogênio e, em pastos consorciados, funcionam como fonte deste nutriente às gramíneas a que estão associadas, mantendo-se a produtividade das pastagens e melhorando seu valor nutritivo”, disse a pesquisadora da Secretaria, que atua no Instituto, Luciana Gerdes.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, as pesquisas que envolvem pastagens consorciadas continuam sendo um dos grandes desafios para a Secretaria, principalmente quando buscam informações aplicadas e com bons resultados para a Pecuária Nacional. “Estamos atendendo as diretrizes do governador Geraldo Alckmin em criar meios de estimular a tecnologia desenvolvida por nossos institutos de pesquisa”, afirmou.

A pesquisadora explicou que o entrave para a adoção do sistema gramínea/leguminosa se encontra na caracterização da função da leguminosa quando em consorciação: o papel principal da leguminosa é o de fixar nitrogênio e fornecê-lo à gramínea associada, melhorando a produção e o valor nutritivo desta. “A melhoria da dieta, devido ao consumo da leguminosa torna-se, portanto, uma função decorrente”, disse.

As décadas de 70 e 80 marcaram, o Instituto de Zootecnia em Nova Odessa-SP, a fase de maior pesquisa envolvendo leguminosas forrageiras em estudos utilizadas na forma exclusiva, em consórcio com gramíneas e banco de proteína em pastagens.

Na década de 1990, o Instituto de Zootecnia continuou o processo de seleção de novos acessos de leguminosas do Banco Ativo de Germoplasma da Instituição, visando selecionar aqueles com florescimento precoce, alta produção de sementes, boa produção de biomassa e tolerantes a pragas e doenças, para serem estudados posteriormente em consorciação, sob pastejo.

Foram estudados 96 acessos pertencentes aos gêneros Calopogonium, Centrosema, Desmodium, Galactia, Macrotyloma, Macroptilium, Neonotonia e Stylosanthes (acessos, pré-selecionados por precocidade no florescimento e produção de sementes, do Banco Ativo de Germoplasma do IZ), tendo sido revelados vários acessos promissores segundo os critérios produtividade, produção de sementes, desenvolvimento vegetativo e tolerância a pragas e doenças.

Na sequência deste estudo, 25 acessos dos melhores apontados no estudo anterior, sendo sete pertencentes à espécie soja-perene (Neonotonia wightii), sete ao gênero estilosantes (Stylosanthes), quatro à espécie calopogônio (Calopogonium mucunoides), quatro à espécie galactia (Galactia striata) e três à espécie macrotiloma (Macrotyloma axillare), avaliados em consorciação com capim-aruana (Panicum maximum Jacq. cv. Aruana) sob pastejo com bovinos.

Foi observado que os acessos de macrotiloma e os de calopogônio apresentaram tanto uma maior velocidade de estabelecimento como uma maior freqüência de ocorrência na consorciação. Entre os sete acessos de soja perene, três também apresentaram boa persistência sob pastejo. “Quando se adotaram duas alturas de manejo (± 15 cm e ± 25 cm) os acessos de soja perene e os de macrotiloma, participaram em maior proporção nos piquetes manejados mais alto, enquanto os de calopogônio estavam em maior proporção nos piquetes manejados na menor altura”, destacou a pesquisadora.

Os oito melhores acessos, de acordo com os critérios determinados nestes trabalhos foram multiplicados com a finalidade de produção de sementes para novos experimentos, obtendo-se boas quantidades de sementes de dois acessos de soja-perene, dois de calopogônio e um acesso de macrotiloma. “Em seguida estudamos quatro destes acessos de leguminosas forrageiras consorciadas com capim-aruana, em pastejo com ovinos e foi constatado que o macrotiloma e um dos dois acessos de Soja apresentaram as maiores proporções no total de massa de forragem”, ponderou Luciana.

Atualmente estão sendo realizados estudos do estado nutricional, fenologia e as características morfogênicas e estruturais de leguminosas forrageiras que são essenciais para gerar conhecimento sobre o ciclo de crescimento vegetativo e comportamento reprodutivo, que são informações importantes para o estudo e definição de estratégias de manejo das leguminosas forrageiras, em plantio exclusivo ou consorciado com gramíneas forrageiras.

“Contudo, não há informação suficientemente disponível para que o uso de pastagens consorciadas obtenha sucesso entre os pecuaristas, principalmente, no que se refere a qual leguminosa a se consorciar com qual capim e que manejo do pastejo a adotar para cada combinação”, ressaltou a pesquisadora.

Assim o Instituto de Zootecnia vem desenvolvendo suas pesquisas com leguminosas forrageiras (solteiras e ou consorciadas com capins) para gerar metas de manejo do pastejo que contribuam com a estabilidade e harmonia do consórcio, baseadas na altura do dossel forrageiro, o que torna mais simples e fácil a adoção dessa tecnologia pelos produtores.

A pesquisa foi incentivada pelo pesquisador emérito do IZ, Joaquim Carlos Werner.


Mais informações
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Instituto de Zootecnia
(19) 3466-9433

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