27/04/2016
Secretaria lança na próxima quinta área modelo de integração entre pecuária, agricultura e meio ambiente
O Instituto de Zootecnia (IZ) da Agência Paulista de Desenvolvimento dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo realizou na tarde desta terça-feira, 26, dinâmica para apresentar a Vitrine Tecnológica, que será lançada na próxima quinta-feira, 28, às 18h, no estande da Pasta na 23ª edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, em Ribeirão Preto. A iniciativa mostra na prática os ganhos ambientais e econômicos do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
A demonstração antecipou o lançamento da iniciativa realizada em parceria com o setor privado que ocupará 44 hectares do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-Leste/Centro da Pasta, sede da Agrishow. O objetivo é que os agropecuaristas vejam de perto como é possível produzir sem agredir o meio ambiente – ao mesmo tempo em que aumentam sua renda e agregam valor a seu produto.
De acordo com Renata Branco Arnandes, diretora do IZ, “essa área foi escolhida para receber a Vitrine Tecnológica porque oferece todas as condições para a implantação das tecnologias necessárias ao sistema. Além disso, fica na bordadura da fazenda, o que é muito importante para preservar também todo o resto da propriedade”.
Renata explicou ainda que a unidade de referência tecnológica deve durar pelo menos 12 anos e tem como objetivo servir de modelo de aplicação do ILPF, recebendo técnicos, pesquisadores e acadêmicos interessados no assunto. Empresas que queiram desenvolver pesquisas e sistemas tecnológicos também poderão utilizar o espaço.
Para detalhar como funciona o sistema e reforçar que é totalmente possível unir agropecuária e preservação ambiental, o IZ realizou uma série de palestras de campo esclarecendo e enumerando os ganhos para quem adotar a técnica. A agricultura fornece a silagem, principalmente com sorgo e milho, para o gado de corte – em um solo recuperado da degradação e com as nascentes d’água protegidas para os animais serem dessedentados.
“A Vitrine Tecnológica oferece a possibilidade de o agropecuarista aumentar sua produtividade e sua renda, ao mesmo tempo em que faz uma agricultura amiga do meio ambiente. Unir preservação e produção e oferecer ao produtor meios para isso têm sido duas das principais diretrizes do governador Geraldo Alckmin para a Secretaria de Agricultura”, considerou o secretário Arnaldo Jardim.
Sem preconceito
A Apta realiza pesquisas para saber quais variedades de sorgo e milho apresentam maior produtividade, conforme a região. Para isso, cultiva todos os anos milho em Mococa, Tatuí e Votuporanga; e o sorgo em Birigui, Pindorama e Votuporanga –com maior desempenho deste cereal registrado pela variedade IAC Santa Elisa, desenvolvida pelo Instituto Agronômico, de Campinas (IAC), da Secretaria, que alcançou 377 centímetros em 158 dias.
Responsável pelos estudos, a pesquisadora científica em produção animal Solidete de Fátima Paziani, do Polo Regional Apta Centro Norte, explicou que a variedade do IAC “apresenta mais matéria seca e é mais fácil de digerir, mas tem o porém de não ser altamente nutritiva, necessitando de suplementação para quem almeja um maior desempenho do gado”.
A digestão é importante para o aumento de peso do rebanho, pois um animal com problemas digestivos pode ter seu apetite alterado. Outro ganho apontado por Solidete no uso do sorgo é o tempo de colheita: cerca de 15 dias mais cedo com relação ao milho. Os dados de todos os anos do levantamento da Apta podem ser acessados no site www.zeamays.com.br.
Justamente por não ouvir o errado senso comum sobre a inferioridade do sorgo com relação ao milho, o pecuarista de leite Cleirton Gomes, de Fortaleza, alimenta seu gado com sorgo. Ele explica o motivo dizendo que “é mais fácil de ser usado como silagem, porque a produção é totalmente mecanizada, desde o plantio à boca da vaca”.
Quem também acredita no sorgo é o empresário de alimentos Everardo Vasconcelos, da cidade cearense de Gauíba, que produz por dia nada menos do que 850 mil ovos. Estudante de Engenharia Agronômica em 1972, desde aquela época sabe dos ganhos trazidos pelo quinto cereal mais produzido no mundo e pelas inovações tecnológicas. “Esta atual geração está de parabéns. Isso que está sendo feito aqui é de extrema importância, se não houver pesquisa não há avanço”, opinou.
A 23ª edição da Agrishow segue com programação até a próxima sexta-feira, 29, com expectativa de receber 160 mil visitantes e gerar R$ 1,9 bilhão em volume de negócios.
Por Hélio Filho
Foto: Foto João Luiz
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