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13/07/2016

Dia de Campo IZ difundiu as tecnologias aplicadas nos Sistemas Integrados de Produção na Agropecuária

Os participantes visitaram estações experimentais com cinco atividades, dentre elas o Programa “Leite Mais”

Cerca de 60 pessoas participaram do “Dia de Campo Sistemas Integrados de Produção na Agropecuária”. O evento, promovido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Zootecnia (IZ), detalhou a importância e a dinâmica dos sistemas integrados na área agrícola, pecuária e florestal, por meio do uso do sistema de plantio direto e de práticas de manejo da pastagem. Os participantes visitaram estações demonstrativas em áreas experimentais do IZ com sistemas integrados já em estudo.

De acordo com a coordenadora do evento, pesquisadora Karina Batista, a sustentabilidade de sistemas agropecuários é de grande importância para combater a fome no mundo. “Difundir as técnicas dos Sistemas Integrados é extremamente importante para que os produtores possam atingir a eficiência, maximizar o uso da terra e dos meios de produção e, ainda, diversificar a renda”, disse.

A diretora geral do IZ, Renata Helena Branco Arnandes, ressaltou que o evento foi muito importante, diante da transferência de tecnologia para a cadeia produtiva, atentando para as tecnologias inovadoras dos diferentes sistemas de produção. “O IZ tem como prioridade atender a demanda da cadeia produtiva, e o dia de campo faz parte do novo enfoque que temos dado desde a criação do Programa de Produção Animal em Sistemas de Integrados – Propasi”, destacou.

As práticas sustentáveis, difundidas aos produtores, pecuaristas, estudantes e técnicos, presentes no dia, são fundamentadas na observação dos projetos em Sistemas Integrados, desenvolvidos pelos pesquisadores do Instituto de Zootecnia.

O encontro que ocorreu no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens do IZ foi dividido em cinco estações experimentais – do capim à produção de leite e carne.

Roseli Ruiz, pecuarista no Mato Grosso do Sul e presidente do Sindicato Rural de Antônio João, considerou muito importante o dia de campo e voltou toda sua atenção para o consórcio de gramíneas e forrageiras. “Tempos atrás, tínhamos somente pastagem, estamos com uma área grande degradada. Diante da demanda dos produtores rurais pelo interesse nos sistemas integrados, viemos conhecer as tecnologias do IZ para interagir com eles, pois estamos iniciando o cultivo de florestas e lavoura”, detalhou.

“Hoje se não sairmos do amadorismo, seremos mais um no meio e estaremos fadados a perder nossas áreas de produção rural. Tem que se profissionalizar e utilizar tecnologias de ponta como as apresentadas pelo IZ. Esperamos que o IZ permaneça na vanguarda dessas pesquisas, colaborando com o futuro da agropecuária”, afirmou Roseli.

O produtor rural Antônio Terra de Guaxupé (MG), veio em busca de informações sobre o sistema silvipastorial com mogno-africano, e afirmou que vai aplicar a técnica na propriedade. “Foi possível ver a importância das etapas de plantio e cuidados de uma cultura, para não perder toda uma produção”, salientou.

Sérgio de Jesus Cappoto, produtor de milho e criador de Nelore em Elias Fausto (SP), disse que sempre se assimila uma nova técnica em eventos como dia de campo. “Já ouvi algo sobre sistemas integrados, com esse conhecimento adquirido será uma chance maior para alimentar o gado, com aproveitamento melhor da terra”, destacou.

Sistema silvipastoril

O sistema Silvipastoril de mogno-africano com capim-marandu foi a primeira estação, trabalhada pela pesquisadora Alessandra Aparecida Giacomini, coordenadora do projeto de pesquisa, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Alessandra disse que os sistemas silvipastoris têm despertado considerável interesse por parte de produtores, em razão da necessidade de se conhecer novas alternativas de exploração agrícola no âmbito ecológico, biológico e econômico, superiores aos sistemas convencionais de uso da terra, como o monocultivo.

“O Sistema é uma modalidade onde espécies arbóreas e forrageiras são cultivadas em uma mesma área, simultaneamente, com a presença de animais”, descreveu a pesquisadora.

Segundo Giacomini, a silvicultura e a pecuária, associadas, podem gerar produção complementar com a interação dos componentes, diversificando a atividade e a renda do produtor, independente do tamanho de sua propriedade.

Outro aspecto relevante da técnica, destacado pela pesquisadora, vai além de melhoria na eficiência de uso da terra, “ela pode contribuir com o sequestro de carbono e a mitigação da emissão de gases de efeito estufa – metano e óxido nitroso –, e dessa forma gerar serviços ambientais”.

Consórcio de milho safrinha

Na segunda estação, o tema Consórcio de milho safrinha e capim-ruziziensis com doses de nitrogênio foi ministrado pela pesquisadora Karina Batista, coordenadora do projeto financiado pela Fundação Agrisus. Ela disse que nos últimos anos, os produtores têm realizado essa prática, após o cultivo da soja no verão no sistema de plantio direto, com ênfase para a produção de palhada.

Porém, no dia de campo, a pesquisadora destacou a importância do fornecimento adequado do nitrogênio tanto para o capim-ruziziensis como para o milho safrinha quando se busca utilizar o capim na alimentação animal após a colheita do milho.

Pelo fato do consórcio ser dependente de vários fatores, Karina ressalta que outros aspectos devem ser discutidos, como às interferências das condições climáticas especificamente no caso da safrinha 2016, e a importância das janelas de plantio para o sucesso do sistema como um todo. “Vale enfatizar que o consórcio de milho safrinha com o capim-ruziziensis está diretamente associado às boas práticas de sustentabilidade dos sistemas integrados”, ponderou.

A pesquisadora disse que pouco se sabe sobre a necessidade do nitrogênio para o capim-ruziziensis (Brachiaria ruziziensis cv.Comum), já que apenas a cultura do milho é adubada. “Com isso, a prática do cultivo do capim-ruziziensis em consórcio com o milho safrinha pode aumentar a quantidade de nitrogênio necessária para o adequado crescimento das culturas consorciadas”, reforçou.

Ao se tratar de adubação de pastagens, pesquisas demonstram que o seu emprego tem sido fundamental na formação, manutenção e recuperação de pastagens degradadas e o nitrogênio tem-se mostrado prioritário nos casos de pastagens exclusivas de gramíneas, pois a falta de nitrogênio tem levado a redução na qualidade e produção de pastagens.

O consórcio de milho safrinha e capim-ruziziensis com doses de nitrogênio visa mostrar ao produtor que o investimento no capim-ruziziensis com adubação nitrogenada adequada, para o milho e para o capim, pode aumentar o rendimento da cultura do milho, possibilitar melhor aproveitamento do capim e garantir maior sustentabilidade para o sistema de produção, já que possibilitará maior proteção do solo e, consequentemente, conservação do solo.

Consórcio de Leguminosa

Na terceira estação, a pesquisadora Luciana Gerdes, coordenadora do projeto Fapesp, explanou sobre o consórcio de leguminosa-macrotiloma e capim-marandu. “Para a manutenção das pastagens, é necessário o uso de fertilizantes nitrogenados pelo caráter determinante no crescimento vegetativo”, afirmou.

Entretanto, Gerdes explica que a técnica de consórcio de leguminosas forrageiras com gramíneas forrageiras, pode reduzir a dependência dos fertilizantes. O principal papel da leguminosa em pastos consorciados deve ser o de fixar nitrogênio e fornecê-lo à gramínea associada, melhorando a produção e o valor nutritivo.

“A técnica do uso de leguminosas forrageiras é uma alternativa que pode contribuir com a sustentabilidade das pastagens cultivadas, com benefícios ecológicos e econômicos, valorizados por um mercado cada vez mais esclarecido e exigente”, detalha a pesquisadora.

Banco de Germoplasma IZ

Já o pesquisador Waldssimiler Teixeira de Mattos, curador do banco de Germoplasma do IZ, responsável pela quarta estação, apresentou a importância do banco de germoplasma de forrageiras do IZ para os sistemas integrados de produção.

O Banco de Germoplasma do IZ reúne vários acessos de gramíneas e leguminosas forrageiras. A coleção teve início na década de 70, através de intercâmbios com outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, e com coletas no campo.

Waldissimiler destacou que a garantia da sustentabilidade da agropecuária, em longo prazo, ocorre por meio da conservação e utilização adequada dos recursos genéticos. “Assim, é necessário investir continuamente em atividades de pesquisa que favoreçam a conservação e a disponibilidade dos recursos genéticos de forma organizada, com informações técnicas que permitam a utilização racional do germoplasma para plantio ou para o seu melhoramento genético, criando novas opções para o produtor rural”, destacou.

De acordo com o pesquisador, com as recentes discussões sobre a sustentabilidade dos sistemas integrados de produção de grãos, carne e leite, a introdução e a persistência de leguminosas em pastagens consorciadas com gramíneas forrageiras ou por meio de bancos de proteína, voltaram a receber importante atenção. “Pois, sabemos que a qualidade da forragem ingerida e o desempenho animal podem ser melhorados, além de haver redução do uso de fertilizantes químicos nitrogenados”, detalhou.

Nesse sentido a exploração do banco de germoplasma do IZ poderá promover grandes ganhos para o produtor rural. “Nesses sistemas são criados microclimas diferentes em decorrência do cultivo consorciado de culturas, comumente utilizadas em monocultivo, indicando cenários desafiadores para o crescimento das plantas forrageiras e de desempenho animal”, ressalta Waldssimiler.

Programa “Leite Mais”

Na última estação, os participantes puderam explorar sobre o “Programa Leite Mais”, com o pesquisador Enilson Geraldo Ribeiro que falou da extraordinária importância dos sistemas de integrados para a cadeia de produção de leite. O “Programa Leite Mais” está fundamentado em três pilares – resiliência, qualidade e ambiência.

O pilar resiliência em sistema de produção de leite está fundamentado na capacidade de utilização de mecanismos de adaptação próprio frente às mudanças climáticas e adventos extremos, através do uso eficiente dos recursos naturais, diversidade genética e manejo.

O pilar qualidade está relacionado à identificação de alterações desejáveis, provenientes de mudanças genéticas e ou nutricionais na composição do leite, de maneira que o produto se torne cada vez mais adequado às condições econômicas, sociais e ambientais, vigentes e futuras. Outro fator importante nesse pilar é a segurança alimentar para os consumidores e animais, estuda pela presença de bactérias patogênicas na glândula mamária dos animais e suas resistências a antibióticos, presença de resíduos de antibióticos no leite e, por fim, a presença de toxinas na alimentação dos animais e presenças no leite. 

O terceiro pilar do programa refere-se à ambiência e bem-estar, que engloba a ética na produção animal, levando em consideração o animal, o homem e a relação entre eles, buscando subsídios para compreensão da espécie e da sua relação com o ambiente.

A base física de sustentação do Programa serão os sistemas integrados, seja lavoura pecuária, lavoura pecuária floresta e silvipastoril, estabelecidos na Unidade do IZ em Nova Odessa, onde estão inseridas todas as ações de pesquisa relacionadas ao rebanho leiteiro, nas áreas de Nutrição e Pastagens, Comportamento e Ambiência, Melhoramento Genético, Sanidade e Qualidade do leite.

A principal linha de pesquisa em nutrição e pastagens é a avaliação da produção de leite nos sistemas de integração; na área de comportamento animal e ambiência o foco é a criação de bezerras leiteira.

“No melhoramento genético animal o objetivo é a seleção e formação do rebanho com todas as fêmeas para os alelos da beta caseína, buscando formar um rebanho com todas as matrizes homozigotas para o alelo A2 da beta caseína. Alcançando um produto final que não causa problemas de saúde, principalmente nas pessoas alérgicas”, destaca o pesquisador do IZ, Enilson.

As raças zebuínas, além de agregar características já conhecidas – como rusticidade, adaptabilidade e resistência parasitária –, apresentam mais essa grande vantagem, pois os zebuínos produzem, predominantemente, leite A2.

De acordo com o pesquisador, o cruzamento de raças leiteiras europeias com a raça Gir Leiteiro pode ser utilizado como recurso genético mais apropriado para produção de leite apenas com a proteína beta caseína A2, “que, segundo dados científicos, agrega valor ao leite bovino e ao consumidor, por não estar associado a uma série de problemas de saúde humana”.

Outra finalidade do cruzamento de raças europeias com raças zebuínas é pesquisas com produção de leite a pasto nos sistemas integrados.

Propasi

Os trabalhos de pesquisa do IZ, em pastagens, estão fundamentados no “Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados” do Instituto de Zootecnia (Propasi), que tem por objetivo identificar e avaliar sistemas integrados de produção em suas diferentes formas ou entre si, demonstrando viabilidades técnica e econômica, além de benefícios ecológicos e ambientais, com foco em ciclagem de nutrientes, cobertura do solo, fixação de carbono, conservação do solo e da água, modificação do microclima, bem-estar animal e redução na emissão ou melhoria no balanço de gases de efeito estufa e produção orgânica.

Ainda, de acordo com a coordenadora do evento, é importante lembrar que nos sistemas integrados uma atividade completa a outra, atingindo a eficiência e a rentabilidade, sendo sustentável e ecologicamente corretos. “O Sistema busca a melhoria na gestão de toda área da propriedade, melhorando o rendimento do produtor”, enfatizou.

Para Arnaldo Jardim, secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o dia de campo é de extrema relevância. “Os Sistemas Integrados de Produção do IZ, vem sanar a demanda do meio agropecuário com práticas sustentáveis, fundamentadas em resultados de pesquisas científicas de um Instituto paulista centenário, atendendo, assim, as metas enfatizadas pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin”, sublinhou.

Representatividade mundial dos Sistemas Integrados

De acordo com os dados da revista Ciência Agronômica (UFC), de 2010 e 2012, o Sistema Integrado de Produção Agropecuária (SIPA), está presente em 25 milhões de quilômetros quadrados, e é responsável por aproximadamente 50% da produção de alimentos no mundo – 65% dos bovinos, 75% do leite e 55% dos cordeiros nos países em desenvolvimento. Por essa representatividade, ele é considerado vital para a segurança alimentar em âmbito global. Além do seu papel na produção de alimentos, esse sistema é a base da produção dos países em desenvolvimento, onde dois bilhões de pessoas são sustentadas por esse modelo de produção.

Em 2010, a FAO reconheceu a SIPA como alternativa para intensificação sustentável, pois reúne gama de atributos raros em sistemas de produção de alimentos. Ele é mais eficiente no uso dos recursos naturais, promove ciclagem de nutrientes e melhoria do solo, reduz os custos de produção, mantendo níveis de produtividade elevados, e ainda produz inúmeros serviços ecossistêmicos.

Mais informações sobre o Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados do Instituto de Zootecnia, pelo (19) 3466-9400 e zootecnia@iz.sp.gov.br. O IZ fica na rua Heitor Penteado, 56, Centro, Nova Odessa (SP).

Por Lisley Silvério

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