11/08/2016
Tourinhos Nelore com melhor eficiência alimentar são classificados pelo IZ
IZ busca identificar e
qualificar a carne de tourinhos Nelore em diferentes classes de consumo
alimentar, atingindo baixo custo de produção, com sustentabilidade, qualidade e
benefícios à saúde humana.
Para
aumentar a produtividade com menores custos e melhor eficiência, a Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de
Zootecnia (IZ), desenvolveu um estudo para avaliar e quantificar as relações
existentes entre composição corporal, qualidade de carne e Consumo Alimentar
Residual (CAR), em bovinos machos jovens da raça Nelore, com dieta de alta
energia durante o período de terminação.
O estudo considerou o impacto econômico e ambiental que a alimentação
representa no sistema de produção e no desempenho animal.
O
projeto “Carcaça e carne de tourinhos Nelore pertencentes a diferentes classes
de consumo alimentar residual” faz parte da dissertação do curso de mestrado do
IZ feito pela aluna Heloisa de Almeida Fidelis, sob orientação da pesquisadora
Sarah Figueiredo Martins Bonilha.
O estudo procurou identificar e selecionar animais em situações semelhantes de
alimentação e manejo no mesmo rebanho, que consumam menor quantidade de alimento,
sem comprometimento das características produtivas e de qualidade final da
carcaça.
O
CAR é o resultado da diferença entre o consumo observado e o estimado através
de equações de regressão em função do peso metabólico e
do ganho médio diário. Para medir esse consumo foram utilizados animais com
aproveitamento melhor do alimento fornecido ou que utilizam menor quantidade de
alimento para atingir um determinado peso de abate. Após o cálculo dessa medida de
eficiência, os animais são classificados em três classes distintas: baixo,
médio e alto CAR. Os animais
com baixo consumo ou consumo negativo são eficientes, pois demandam quantidade
significativamente menor de alimentos em comparação aos bovinos com alto CAR ou
CAR positivo.
De acordo com o secretário de Agricultura e
Abastecimento, Arnaldo Jardim, o Brasil tem grande potencial para produzir proteína
animal, diante de áreas disponíveis, condições climáticas favoráveis e dinamismo.
“A Secretaria de Agricultura, por meio do IZ, busca trazer ao pecuarista
soluções viáveis para uma produção de carne sustentável de forma eficiente e
com a qualidade que o mercado consumidor exige, aliados ao menor custo de
produção. Esta é uma das prioridades de trabalho do governador Geraldo
Alckmin”, salientou.
Eficientes
As
pesquisas evidenciam que o incremento de 5% na eficiência alimentar do tourinho
Nelore significa crescimento econômico quatro vezes maior ao resultado obtido
na melhoria de 5% na taxa de ganho médio diário de peso. Sendo assim, Sarah destacou
que “identificar animais com maior eficiência alimentar, utilizando o critério
de consumo alimentar residual, pode ser um meio para melhorar a lucratividade
na cadeia produtiva da carne bovina”.
A pesquisadora explicou que o rebanho
brasileiro é formado, em sua maioria, por bovinos Nelore ou anelorados, e
grande parte da produção ainda é no sistema extensivo – com os animais criados
a pasto com pouco uso de tecnologia. Porém, já existe um número considerável de
pecuaristas que optam pelo sistema intensivo em confinamento ou pelo
confinamento na fase de terminação dos animais ou na época das secas.
“Com essa ideia, aumentou a produção de rebanhos
terminados mais cedo, podendo oferecer ao mercado animais mais jovens e de
melhor qualidade, abrindo espaço para novos ciclos de rebanhos nas propriedades
rurais, maximizando área e tempo de produção”, destacou Bonilha.
Outra necessidade, do ponto de vista econômico
e, também, do marketing de carne bovina, é a questão ambiental. A pesquisa
apontou uma redução do uso de recursos naturais e a menor produção de resíduos
– esterco e metano – por unidade de carne produzida. “É possível, ainda,
identificar a importância de uma produção eficiente, com ciclos de produção
mais curtos, produtos com mais qualidade; eficiência no uso de alimentos pelos
animais; menor custo de produção; com efeito ambiental positivo”, afirma Sarah.
Os cortes básicos da carcaça de bovinos no mercado
brasileiro são compostos pelo dianteiro com cinco costelas – acém e a paleta -,
o traseiro especial – coxão e a alcatra completa –, e a ponta de agulha. “Do
ponto de vista econômico, é preciso ter maior rendimento do traseiro do animal,
em relação a outros cortes, devido ao maior valor comercial agregado”, detalha
Sarah.
Além
de melhorar a eficiência alimentar dos animais, que torna a produção de carne
uma atividade positiva e rentável, garante, principalmente, a redução de custos
dos alimentos para os consumidores com maior valor agregado diante dos
benefícios à saúde humana.
Os ácidos graxos, por exemplo, são de
suma importância, pois o organismo humano tem necessidade desses componentes. Oferecer
um produto ao consumidor que supra seus requerimentos nutricionais com
qualidade e de forma saudável é fundamental para garantir o sucesso e
credibilidade do setor produtivo. Aproximadamente 40% do total da necessidade
humana diária de ácidos graxos são obtidos pela dieta alimentar.
Avaliação
Foram desenvolvidos cinco confinamentos em baias individuais,
realizados de 2008 a 2011 e em 2014, com três grupos genéticos de bovinos Nelore. Os animais foram avaliados para CAR após o desmame e classificados
em baixo e alto CAR. Após a classificação, 127 animais foram amostrados para a
fase de terminação.
Os abates foram realizados em abatedouros experimentais. “Foram
feitas análises de composição química do Longissimus, colágeno, perfil
de ácidos graxos do Longissimus; força de cisalhamento, índice de
fragmentação miofibrilar, e perdas por cocção nos tempos de maturação após
abate e depois a cada sete dias”, detalha a mestranda do IZ.
Em 2015, os números do IBGE, apontaram para 5,567 bilhões de
toneladas de carne produzida, considerando bovinos, aves e suínos. Só de carne
bovina foram 33,907 milhões de cabeças abatidas. Dando ao Brasil uma posição de
destaque no ranking de comercialização de carne, que de acordo com a Scot
Consultoria tem o maior rebanho de carne comercializável do mundo – 208 milhões
de cabeças –, representando 20,1% do rebanho mundial.
Por Lisley Silvério
Mais informações
Assessoria de Imprensa
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Instituto de Zootecnia
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