15/12/2016
Pesquisas do IZ apontam o caminho ideal para aumentar a produção de carne sem aumentar a área de pastejo
O manejo de pasto adequado traz ganhos em produtividade animal com sustentabilidade
O manejo do pastejo de gramíneas tropicais – fundamental para aumentar a produtividade animal por área, sem elevar o uso de insumos, e sem acarretar degradação do pasto – é o foco das pesquisas do Instituto de Zootecnia (IZ), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que apontam resultados positivos sobre as metas de manejo, a importância na produtividade com sustentabilidade dos sistemas de pastagens.
Diante dos desafios do pecuarista, a pesquisadora Flavia Maria de Andrade Gimenes, do Centro de Forragicultura e Pastagem do IZ, afirma que é possível ter sucesso ao reduzir a área de pasto e, ainda, aumentar a produção de carne, sem prejudicar a qualidade do solo e do meio ambiente, e com lucro.
“Essa mudança é totalmente viável, devido à intensificação dos sistemas de produção e melhor utilização das áreas já ocupadas com pastagens. O caminho é aumentar a produção, sem aumentar a área”, reforçou Gimenes.
“Há cerca de 10 anos, não tínhamos informações consistentes sobre o manejo de capins tropicais utilizados no Brasil. Tínhamos mais informações sobre gramíneas temperadas, como o azevem perene, detalhou Flávia.”
As gramíneas tropicais tem como particularidade o alongamento de colmos que são correspondentes aos caules dessas plantas, eles são pouco nutritivos em relação às folhas e atrapalham o consumo de forragem do animal e o desempenho na produção de carne ou leite. Hoje já se produz um bom capim, evitando o alongamento de colmos.
As pesquisas realizadas com os capins Mombaça, Tanzania, Aruana, Elefante e Marandu, buscou identificar metas de manejo do pasto, que facilitem o dia a dia do pecuarista com sistemas sustentáveis.
Segundo Gimenes, a pesquisa já dispõe de informações que determinam as metas de manejo das plantas forrageiras. E a forma mais fácil de produção, na prática, é por meio da altura do pasto.
“A altura do pasto é uma das metas de manejo mais utilizadas atualmente. É simples, pois respeita o limite de utilização da planta forrageira, evita a degradação do pasto e melhoram a produtividade animal”, explicou a pesquisadora.
Após a implantação das metas, o produtor deverá esperar um tempo de adaptação para que o pasto aumente ou diminua o tamanho e quantidade de perfilhos – brotos que compõe uma planta –, mantendo a resistência e produção durante o novo manejo.
O produtor ainda deve observar a frequência e intensidade com que os animais podem desfolhar e comer o pasto, para aumentar a produção e não degradar as pastagens.
A pesquisadora, ainda, salientou que os resultados em termos de ganho de peso animal mostraram que foi mais impactante o melhor manejo do pasto, do que elevar a adubação com Nitrogênio. “Apenas 10 cm de diferença na altura de entrada dos animais – reduzindo de 35 para 25 cm no pasto – já trouxe grande diferença na produção de carne.”
“O mais importante está em acertar o manejo do pasto para depois aumentar a adubação nitrogenada. Um manejo adequado de entrada e saída do pasto pode alcançar uma economia de R$ 400,00 por hectare”, afirmou a pesquisadora.
A
diretora do IZ, Renata Helena Branco Arnandes, destacou que é importante
orientar o produtor no correto manejo das pastagens, principalmente com
gramíneas que têm uma velocidade intensa de crescimento. “Nossas pesquisas são
justamente para auxiliar o criador sobre a entrada e saída dos animais nos
piquetes e, assim, obter o melhor desempenho dos animais e maior aproveitamento
das pastagens.”
O
Secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim, também ressaltou que os trabalhos de
pesquisas do IZ têm contribuído com novas técnicas de manejo de pastagens, melhorando
a qualidade da carne, o aumento na produção, sempre com sustentabilidade, “conforme
as diretrizes estipuladas pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo
Alckmin”.
Manejo
As metas de manejo são simples de aplicar e disponíveis para o produtor. O manejo, realizado no Instituto de Zootecnia, avaliou a produção de carne em pastos de braquiarão com 16 sistemas rotacionados, sendo 96 piquetes avaliados simultaneamente, testando a meta para capim marandu com 25 cm de entrada e 15 cm de saída.
Os pastos foram manejados em duas formas: entrada dos animais no pasto com 35 e 25 cm e saída de 15 a 20 cm, utilizando duas doses de nitrogênio (50 e 200 kg/ha de N), um importante acelerador de crescimento das forragens.
Segundo Gimenes, as pesquisas com os bovinos de corte foram muito positivas, pois não ocorreram problemas de perenidade do pasto ou produtividade e os pastos manejados com 25 cm de altura de entrada e 15 cm de saída e 50 kg kg/ha de N tiveram a mesma produtividade daqueles com 35 cm de altura de entrada e 15 cm de saída com 200 kg/ha de N, e com redução de 150 kg de N.
Gimenes também informou que há alturas diferentes para entrada e saída dos animais em pastejo rotacionado e lotação contínua. “Uma forma fácil de manejar, é o produtor ou técnico medir com uma régua, marcar na altura da bota ou da cintura, a altura do pasto em avaliação.”
Para o braquiarão, por exemplo, a entrada é com 25 cm e saída com 15 cm, capim mombaça entrando com 90 cm e saindo com 35 a 50 cm. Já, se os animais ficarem continuamente na mesma área – lotação contínua –, o capim braquiarão deve ser mantido de 20 a 45 cm de altura.
Outras informações e detalhes de manejo podem ser obtidas pelo email pastagem@iz.sp.gov.br
Por: Lisley Silvério
Assessora de Imprensa
Secretaria de Agricultura e Abastecimento SP
Instituto de Zootecnia
lisley@iz.sp.gov.br
F. 19 3476-9841
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