A AIEA é o fórum intergovernamental
central da Organização das Nações Unidas (ONU) para a cooperação científica e
técnica na área de uso de tecnologia nuclear, e em cooperação com a FAO –
Organização para Alimentos e Alimentação, que atuam na área agrícola.
Os pesquisadores representantes da
Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Chile, China, Etiópia,
Madagascar, Suécia, Uganda e Inglaterra estão discutindo os resultados iniciais
do Programa de Pesquisa coordenado pela AIEA em que se espera desenvolver um
método prático para prever a ingestão de alimentos pelos ruminantes em
pastagens heterogêneas usando isótopos estáveis e NIRS (Near Infrared Reflectance Spectroscopy).
A visita faz parte da segunda Reunião
de Coordenação de Pesquisas sobre Quantificação de Admissão e Seleção de Dieta
de Ruminantes em Pastos Heterogêneos usando Isótopos Estáveis de Compostos Específicos,
para discutir a seleção de dieta de ruminantes a pasto, em conferência da AIEA,
realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP) em Piracicaba.
No IZ, os pesquisadores visitaram
a Unidade de Sistema Silvipastoril com Mogno, a Unidade Experimental de
Forragicultura e Pastagens e o Centro de Pesquisa de Bovinos de Leite, acompanhados
por Waldssimiller Teixeira Mattos, Luciana Gerdes, Cristina Maria Pacheco Barbosa,
Luiz Carlos Roma Júnior e Weber Vilas Bôas Soares, pesquisadores
do IZ.
O pesquisador Waldssimiler
falou sobre o Banco Ativo de Germoplasma (BAG-IZ), o qual possui dois mil
acessos de plantas forrageiras, sendo 80% leguminosas, e apresentou o novo
laboratório de Forragicultura. “O Laboratório ampliará a capacidade de análises
do BAG-IZ, o único em maior diversidade de espécies forrageiras tropicais da
América Latina”, ressalta.
Waldssimiler citou o
projeto temático financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de são
Paulo (Fapesp), que envolve projetos do IZ, com pasto consorciado, braquiária,
estratégias de mitigação de gases do efeito estufa, juntamente com USP e
Embrapa.
A pesquisadora Luciana Gerdes também
explicou que o Laboratório recém-reformado e a nova estrutura para o BAG-IZ,
investimento do PDIP-FAPESP, permitirão ampliar a parceria com empresas
públicas e privadas e realizar pesquisas estratégicas com lançamento de novas
cultivares. “A capacidade foi ampliada para novos estudos nas áreas de
identificação e desenvolvimento de plantas forrageiras com
potencial de mitigação dos Gases de efeito Estufa, resilientes em relação às
mudanças climáticas, salientando-se a elevação de temperaturas e déficit
hídrico, com eficiente uso de nutrientes e desenvolvimento de biotecnologias para
utilização sustentável das pastagens, abastecendo com novos cultivares os
projetos inseridos nos Sistemas Integrados de Produção Agropecuária do IZ”,
detalhou.
Rogério Martins Maurício, professor da
Universidade Federal de São João Del Rey, destaca que o mundo busca sistemas de
alta produção de biomassa e alta biodiversidade. “No nosso caso todos esses
aspectos estão correlacionados com o bem-estar animal em sistema sustentável de
produção de ruminantes”, destaca.
O projeto visa quantificar a biomassa
ingerida pelos animais, e quando se tem sistemas com várias espécies de
forrageiras, esse passa a ser um grande desafio, e com o sistema Silvipastoril,
onde se tem árvores, arbustos, gramíneas e leguminosas, pode ser o caminho para
a sustentabilidade no Brasil e no mundo tropical.

Rogério considera a visita muito
importante, já que parcerias são relevantes para o futuro da ciência. “A
parceria entre o Cena-Usp, UFSJ e o IZ só fortalece esse trabalho, pensando não
apenas nacionalmente, pois nesse grupo de trabalho temos o envolvimento de
instituições internacionais de 12 países, com isso vamos nos fortalecer
internacionalmente.”
“A proposta de trabalho recebe o
direcionamento da FAO para contribuir para soluções de problemas como fome,
mudanças climáticas e a produção animal sustentável, visando contemplar as
exigências da Agenda Global para 2050”, ressalta Rogério.
Para o professor Adibe Luiz Abdala,
pesquisador do Cena/Usp, o mais importante de todo trabalho está na produção animal
amplamente sustentável. “A visita ao IZ colaborou para apresentar aos
pesquisadores os sistemas de produção de pastagem no Brasil, há pelo menos dois
países de cada continente que trabalham com produção de ruminantes a pasto e
vão desenvolver este protocolo e metodologias em seus respectivos países.”
“Ninguém conhecia os Sistemas de
Produção que o IZ disponibiliza, não faziam ideia das tecnologias geradas,
pensam apenas que temos pastagens com braquiária, sem sustentabilidade”,
destaca Abdala.
Abdala destaca a importância do
projeto para o Brasil, pois é possível identificar “quanto e que forragens os
ruminantes comem em um sistema integrado de produção alternativo à monocultura
de braquiária, e qual a qualidade nutricional dessa dieta é imprescindível para
que possamos propor aos legisladores alternativas para reduzirmos o
desmatamento e promovermos a produção sustentável e segura de carne, leite e lã
aos brasileiros”.
O médico veterinário Mario Geronimo
Garcia Podesta, da Áustria, coordenador do Programa da AIEA, diz que elaborou um
projeto para cinco anos de trabalho com um grupo de 12 países, buscando formas de
avaliar a alimentação dos bovinos, quanto comem, a qualidade do pasto e a conversão
alimentar, toda uma análise do ciclo do alimento em todas as regiões do mundo. “Daqui
dois anos, reuniremos, possivelmente na China, para apresentação do relatório
final dos cinco anos de projeto”, afirma Garcia.
Já a representante da Universidade de
Lanzho, No Gou, gostou muito da visita, observando que a paisagem é totalmente
diferente no Tibet e isso chamou muito a atenção. A pesquisadora vê dificuldades
em manter um equilíbrio onde há somente monocultura nas pastagens, com uso de
braquiária. “É difícil ter um sistema assim, nós temos muitas plantas para
pastagens, são mais de 438 forragens em uma pastagem”, afirmou No Gou.
Adugna Tolera Yadeta, da Universidade
de Hawassa, na Etiópia, disse ser a primeira vez que visita o Brasil e a
América Latina, e que a interação com os pesquisadores foi muito importante. “Gostei
demais do que vi aqui e fiquei muito impressionado com o profissionalismo desta
Instituição de Pesquisa”, destacou.
Por Lisley Silvério (MTb. 26.194)
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