27/11/2019
Atualização em sistemas integrados (ILPF) é tema de capacitação de extensionistas da Secretaria de Agricultura em Andradina
O Sindicato Rural de Andradina
recebeu, nos dias 19 e 20 de novembro, 102 participantes do 1.º Treinamento
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para uma reciclagem de conhecimentos. O
público presente, em sua maioria extensionistas da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo que atuam na Coordenadoria de
Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), terá a missão de repassar e
multiplicar esses conhecimentos entre os produtores rurais, para que este
sistema seja compreendido e adotado como forma de produção sustentável e
otimização das áreas e das atividades, tanto agrícolas, com plantio de grãos,
quanto inserção de pecuária de corte e leite entre as linhas de floresta, em
especial de eucalipto e pinus, espécies que vêm tendo suas performances
estudadas na região ou outras espécies exóticas, como por exemplo o mogno
africano.
Este foi o primeiro de uma série
de treinamentos que ocorrerão a partir de 2020. Já estão programados dois dois eventos
em Andradina, sobre ILPF e recuperação de áreas de pastagens degradadas, e mais
três em Nova Odessa, na sede do Instituto de Zootecnia (IZ). Segundo a equipe
organizadora, composta por pesquisadores do IZ e da Apta Regional, órgãos
pertencentes à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), o
treinamento capacitará 480 extensionistas rurais da CDRS em todo o Estado.
“Existem novidades nesse setor, as pesquisas caminharam nos últimos 10 anos e
não foi feito nenhum treinamento intensivo para que a tecnologia, os avanços e
entraves fossem repassados aos produtores rurais, para que pudessem adotar os
sistemas integrados”, afirmou o diretor da Apta Regional, pesquisador Sílvio
Tavares, que acredita “ser este o único sistema que dará condições de,
principalmente, os pequenos e médios produtores continuarem na atividade”.
Para o diretor do Instituto de
Zootecnia, Luiz Ayroza, essa integração entre a pesquisa e a extensão rural é
necessária. “As parcerias e a integração são necessárias no campo e também
entre os órgãos. Aqui temos vários parceiros que definem a importância desse
evento: a universidade; a Secretaria de Agricultura, com seus órgãos de
pesquisa e extensão; e o Ministério da Agricultura”, frisou Ayroza.
Os pesquisadores Linda Mônica
Premazzi e Ricardo Lopes Dias, da equipe organizadora, explicaram que o
treinamento ocorre devido ao convênio firmado entre a Secretaria e o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que permitiu a liberação de
uma verba de R$ 350 mil destinada à transferência de tecnologia. A partir daí,
foram envolvidos os vários órgãos da Secretaria (CDRS, Apta e Instituto de
Zootecnia) para que as capacitações pudessem ser levadas a efeito.
A representante do MAPA, Juliana Hernandes Antunes, acompanhou todas as
atividades do evento, tanto a parte teórica realizada no Sindicato Rural,
quanto a parte prática, realizada nos campos de testes instalados no Polo
Regional Extremo-Oeste, em parceria entre a Universidade Estadual Paulista
(Unesp-Campus Dracena) e a Fundação Educacional de Andradina.
No primeiro dia, a palestra do
pesquisador Dr. Wander Luis Barbosa Borges, do Centro de Seringueira e Sistemas
Agroflorestais (IAC/Apta/SAA), abordou os Conceitos de Sistemas Integrados de
Produção Agropecuária, seguido por uma sessão técnica com vários aspectos
destes sistemas, como planejamento conservacionista; componente lavoura nos
sistemas integrados; condições edafoclimáticas e exigências das principais
culturas.
A segunda sessão técnica foi comandada pelo professor Dr. Gelci Carlos
Lupatini, da Unesp-Campus Dracena, sobre componente animal e pastos integrados;
principais forrageiras; adequação do sistema de produção pecuário e alternativas
de produção pecuária em sistema integrado. “A inserção do gado para cria ou
engorda nos sistemas integrados tem apresentado vantagens em relação à rotação
com grãos como o milho, por exemplo. O boi-safrinha representou uma
lucratividade superior em determinadas áreas de solo arenoso, demonstrando que
é possível consorciar agricultura e pecuária fazendo parcerias entre produtores
diferentes ou com o mesmo produtor adotando as diversas atividades”, explicou o
professor.
Já o pesquisador Dr. Miguel Luiz
Menezes Freitas, do Instituto Florestal, falou sobre conservação genética e
melhoramento florestal. Encerrando o primeiro dia de treinamento, Fernanda
Santos Fernandes, da CDRS, definiu os critérios e procedimentos para exploração
sustentável de espécies nativas do Brasil. “O atual Código Florestal permite
que propriedades de até quatro módulos fiscais, ou seja, pequenos proprietários
rurais, possam utilizar a madeira e até obter lucro a partir de espécies
exóticas usadas para reflorestamento de APPs. O importante é que procurem por
orientação nos escritórios locais (Casas da Agricultura) e Regionais da CDRS,
para estarem fundamentados na lei”, afirmou Fernanda, dizendo que “ as árvores
nativas são amigas”.
O segundo dia contou com a
palestra da professora Dra. Cristiana Andrighetto, também da Unesp-Campus
Dracena, que complementou sua palestra sobre o sistema ILPF com a apresentação
prática em uma das quatro estações que foram montadas em diferentes áreas do
Polo Regional Extremo-Oeste. Os experimentos no Polo têm sido comandados pelo
pesquisador Gustavo Pavan Mateus, com a parceria dos professores da Fundação
Educacional de Andradina, Leandro Barradas Pereira e Camila Valeroni Recco. As
estações técnicas foram sobre: controle de formigas nos sistemas integrados, um
dos grandes desafios na implantação dos eucaliptos; as espécies forrageiras
usadas em sistemas integrados e a performance de cada uma; as espécies arbóreas
(eucalipto e pinus) mais usadas nos sistemas integrados; as Boas Práticas na
Produção da Lavoura nos Sistemas Integrados e, ao final, uma demonstração da
serraria móvel utilizada no Polo Regional para corte e preparo da madeira ainda
no campo.
O grande interesse do público
demonstrou que o treinamento cumpriu o seu objetivo. O s participantes
elogiaram o excelente nível das palestras apresentadas, durante as quais foi
possível verificar que o Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que vem
crescendo em outros estados brasileiros, é também a melhor solução para o
Estado de São Paulo, em especial a região oeste, onde é grande a extensão de
áreas de pastagens degradadas e que podem ser recuperadas neste sistema. “A
capacitação é uma das metas do Plano ABC de baixa emissão de carbono e redução
de efeito estufa e, dessa forma, a Secretaria está criando as condições para a
disseminação de informações para que venha a ser adotado com critério e sucesso
pelos produtores paulistas”, afirmou Sílvio Tavares, da Apta Regional. “Além disso,
buscamos o aumento de produtividade, garantindo o bem-estar animal e a
manutenção do meio ambiente”, finaliza Ayroza, do IZ.
Assista: https://youtu.be/2qUT8kPnpkc
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