18/06/2010
Nossos Bovinos e os Gases de Efeito Estufa são temas da Feicorte 2010 (18/06/2010)
Diretora Geral do Instituto de Zootecnia Maria Lucia Pereira Lima (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo fala sobre bovinos e os gases de efeito estufa.
Segundo Lima, os bovinos são ruminantes, capazes de aproveitar o capim, por apresentar um de seus estômagos, o rúmen, com capacidade de abrigar bactérias que em simbiose, degradam o capim e os transformam em proteína, aproveitada depois pelo bovino. Neste processo digestivo é gerado um excesso de hidrogênio e para se livrar deste excedente estes animais desenvolveram a capacidade de produzir metano (CH4), que é transformado facilmente em gás carbônico (CO2) por queima ou faísca elétrica. Este processo foi criado há milhares de ano.
A relação do homem com bovinos é bastante antiga e existem desenhos em grutas demonstrando que o homem consome carne de bovídeos há 50 mil anos. Isto está documentado em Lascaux, na França e em Foz do Côa, em Portugal. Somente mais tarde, entre 10 ou 12 mil anos atrás, é que o homem domesticou os bovídeos, permitindo que os mesmos pastassem restos e cultura, no entorno da aldeia.
A população de bovídeos do mundo é imensa, inclusive na natureza como é o caso da Reserva do Serengueti, uma reserva natural da África, situada em Tanzânia e que abriga 1,5 milhões de gnus, bovídeos semelhantes aos nossos bovinos, que possuem rúmen funcional, degradam pastagens e às transformam em proteínas.
As denuncias de aquecimento global e os problemas devido ao aumento dos gases de efeito estufa são bem mais recentes, ou seja, vem ocorrendo nos últimos 50 anos, com o crescimento da industrialização
Em 2002 o Instituto de Zootecnia publicou os seus primeiros artigos científicos com resultados de medições de metano produzido no rúmen. Mas, foi em 2007 e 2008 que vieram as grandes indagações, principalmente pela imprensa, se nossos bovinos brasileiros não seriam os grandes causadores do aumento da emissão dos gases de efeito estufa, dentre eles, o metano.
Em um relatório da FAO havia uma grande preocupação com o Brasil por ter capacidade de dobrar sua produção de carne e, contudo teria que dobrar a quantidade de bovinos, o que é uma inverdade, pois ainda temos muito que melhorar em termos de eficiência e desfrute do nosso rebanho.
A grande maioria dos bovinos do Brasil é mantida em pastagens, onde as fezes são degradadas na presença de ar (degradação aeróbica), não produzindo metano. Esta situação é completamente diferente de animais estabulados, cujas instalações são lavadas e as fezes são fermentadas na forma úmida, em tanques, produzindo muito metano afirmou Lima.
Os trabalhos realizados pelo Instituto de Zootecnia demonstram que um bovino pode produzir entre 42 e 80 kg de gás metano por ano e que em média chega a 57 kg por animal, por ano, semelhante aos dados mundiais.
Existem várias pesquisas visando diminuir a produção de metano usando-se aditivos nas rações ou mesmo probióticos que interferem no metabolismo da digestão dos bovinos.
É possível diminuir em até 30% a emissão de metano pelo rúmen, dependendo da alimentação dos bovinos.
Das emissões de gases de origem antrópica, o metano representa 14% do total, sendo o gás carbônico o mais importante, com 60% das emissões. Ainda considerando o metano, os ruminantes são responsáveis em apenas 22% do metano produzido pela humanidade, sendo os rios poluídos e lixões os grandes contribuidores nas emissões de metano.
Se o Brasil apresenta uma população de bovinos em torno de 180 milhões de cabeças, que produzem 9,4 milhões de toneladas de metano por ano, isso representa apenas 2,5% do metano produzido pela humanidade.
Qualquer esforço em diminuir esta produção de metano, não trará nenhum beneficio à humanidade.
Texto escrito por Maria Lucia Pereira Lima, Eng. Agr., mestrado em Nutrição Animal e doutorado em Produção Animal.
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