20/08/2015
Curso sobre Controle da Verminose em ovinos alerta produtor para resistência aos vermífugo
O curso Controle da Verminose em Pequenos
Ruminantes, realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo, por meio do Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), em 31/7, contou com 56
participantes, vindos de várias regiões do Estado de São Paulo, Paraná e Minas
Gerais. Produtores, técnicos, alunos e profissionais da área receberam
informações que alertam sobre a facilidade dos parasitas à resistência aos
produtos químicos, ao serem administrados incorretamente.
A coordenadora do curso, pesquisadora do IZ,
Maria Cecília José Veríssimo, destacou que a nutrição, a genética e um bom
manejo ainda são fundamentais como alternativas ao uso indiscriminado de
vermífugos. “Os produtos devem ser utilizados somente com muito critério,
sempre tendo em mente a capacidade que os parasitas têm de tornarem-se
resistentes e o vermífugo de perder o efeito contra eles”, enfatiza Cecília.
No Estado de São Paulo, recentemente, foi
realizado um trabalho científico, já publicado pela pesquisadora do IZ,
Cecília, que verificou a resistência a cinco grupos químicos – albendazol,
levamisol, ivermectina, moxidectina, closantel –, em rebanhos de ovinos de todo
o Estado de São Paulo.
O secretário da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, comenta que a demanda do mercado para
sanar o problema tem sido encontrada no sistema de produção intensiva de ovinos
do IZ. “O Programa do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, para área de
ovinocultura, visa o estímulo à Expansão de Agronegócios Especiais e
desenvolvimento do Agronegócio Familiar, e busca orientar constantemente os
produtores sobre sanidade animal”, enfatiza Jardim.
O curso, que esteve na 9ª edição, iniciou com a
palestra da pesquisadora Simone Méo Niciura, da Embrapa Pecuária Sudeste, que
discorreu sobre o problema da resistência dos vermes aos vermífugos – fenômeno
que ocorre em todo o mundo, assim como no Brasil. O resultado foi em pesquisa
conjunta com o IZ. O objetivo era conhecer como se encontrava o problema da
resistência no Estado de São Paulo.

Coordenado pelas pesquisadoras Simone Niciura e
Cecília Veríssimo, a pesquisa contou também com a colaboração dos pesquisadores
da APTA, de todo o Estado de São Paulo e, ainda, com a colaboração do professor
Marcelo Beltrão Molento da Universidade Federal do Paraná. “Os resultados deste
trabalho confirmaram não só o problema da resistência, espalhado em todas as
regiões do Estado, assim como demonstrou que os vermes estão resistentes a mais
de um produto químico (multirresistência), em grande parte das propriedades
rurais”, explica Cecília.
Outro tópico abordado foram os fatores de risco
que levam à resistência do verme nas propriedades. Simone discurreu sobre
alguns fatores, entre eles, o mais importante detectado em experimento e que
favorece a ineficácia de anti-helmínticos. “O fato do produtor não administrar a
quantidade de medicamento de acordo com o peso do animal”, destacou a
pesquisadora.Porém, a pesquisadora Simone apresentou dados
animadores, relativos a um trabalho feito na ovinocultura da Embrapa São
Carlos, que demonstrou a reversão do estado de resistência para suscetibilidade
de alguns anti-helmínticos. Foi em um teste de eficácia de anti-helmíntico
realizado cinco anos depois daquele feito para o experimento citado. Com isso
ela falou da importância de como realizar o teste de eficácia de
anti-helmíntico, que é feito por meio de uma fórmula. “O resultado do exame de
fezes deve ser realizado antes e após a aplicação do anti-helmíntico”, reforça
Simone.
Já o pesquisador do IZ, Ricardo Lopes Dias da
Costa, discorreu sobre experimentos realizados no Instituto com outros
pesquisadores, que buscavam alternativas para o controle da verminose. O
pesquisador citou resultados de pesquisas em que participou, utilizando óleo de
Neen, gordura protegida, bagaço de laranja e amoreira. “Mesmo com essas
alternativas, é primordial a importância do manejo, principalmente na proteção
das categorias suscetíveis, da boa alimentação dos animais e da genética no
controle da verminose”, enfatizou.
Devido à importância da nutrição do animal na
verminose, a coordenadora do evento, Cecília, sempre incluiu a palestra do
zootecnista Mauro Sartori Bueno, pesquisador do IZ, especialista em nutrição
animal. O pesquisador mostrou os principais alimentos proteicos, concentrados e
volumosos, e as exigências nutricionais das diferentes categorias de ovinos. “Os
animais devem ser separados em categorias para serem alimentados corretamente”,
destacou Mauro.
Ainda dentro do assunto nutrição animal, o
doutorando Nadino Carvalho, da Unesp Botucatu, apresentou o projeto de
pesquisa, que demonstra o uso da suplementação com concentrado para diminuir a infestação
dos vermes em animais jovens. “Um dos objetivos do trabalho é verificar qual a
porcentagem mínima de concentrado a ser adicionada à dieta para se obter o
controle, com economia no sistema de produção. Estamos em estudo e em breve os
dados finais serão apresentados”, afirmou Nadino.
Já o doutorando César Cristiano Bassetto, da
Unesp Botucatu, discorreu sobre o trabalho com a vacina chamada Barbervax,
comercializada na Austrália. Esse pesquisador tem realizado trabalhos com essa
vacina no Brasil, tanto para ovinos, como para bovinos. “Os resultados ainda
não são tão animadores, mas as pesquisas continuam, e, quem sabe, em futuro
próximo, a vacina esteja sendo importada para o mercado brasileiro”, considerou
Bassetto.

A doutoranda Elisa Junqueira Oliveira, da USP
de Ribeirão Preto, falou sobre os resultados do trabalho de pesquisa de seu
doutorado. Várias características de ovelhas da raça Santa Inês criadas em diferentes
rebanhos do Estado de São Paulo foram estudadas.
Um dado interessante obtido foi que existe
variação genética nos rebanhos para coloração da mucosa ocular, e que vale a
pena fazer seleção para animais com a coloração da mucosa mais vermelha. “Um dado importante é a correlação genética
existente entre coloração de mucosa e peso dos animais, indicando que a seleção
para a resistência à verminose, fundamentada na seleção de animais com a mucosa
ocular bem vermelha não atrapalha a seleção para peso corporal”, explica Elisa.Entre os resultados do projeto,
financiado pela FAPESP, está a herdabilidade e correlação genética de várias
características, como a coloração da conjuntiva pelo método Famacha, volume
globular e peso corporal.
Depois das palestras, os participantes que ainda
não conheciam o Sistema de produção de ovinos do Instituto de Zootecnia foram ao
campo para realizar na prática o Método Famacha de avaliação da mucosa ocular, fazer
a colheita de fezes para exame, realizar a palpação da região lombar e fazer a
avaliação da dentição.
Por Lisley Silvério
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