23/02/2016
Novo livro sobre controle de carrapato é publicado pelo Instituto de Zootecnia
O Instituto de Zootecnia, órgão da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, acaba de lançar o livro “Resistência e
controle do carrapato-do-boi”.
O carrapato é um parasita que pode causar a morte de um bovino adulto.
Os prejuízos causados por este parasita ao país são estimados em mais de 3
bilhões de dólares anuais.
Os carrapaticidas ainda são o principal meio de controle desta praga,
porém o fenômeno da resistência está espalhado por todo o país e novas formas
alternativas de controle são cada vez mais necessárias.
No primeiro capítulo, pesquisadores da Embrapa Rondonia, liderados pela
médica veterinária Luciana Gatto Brito, discorrem sobre o problema da
resistência do carrapato bovino aos carrapaticidas. Com o estudo da genética do
carrapato, está se verificando o aparecimento e aumento da frequencia de
carrapatos homozigotos resistentes (aqueles que possuem os dois genes para
resistência, RR). Quando esta situação acontece, uma reversão na situação da
resistência fica muito mais difícil e demorada, de modo que as alternativas de
controle, como, por exemplo, o controle seletivo, a homeopatia, e a
fitoterapia, são muito importantes no sentido de poder diminuir, ou até mesmo, acabar
com os banhos carrapaticidas necessários para controlar os carrapatos.
O modo de aplicação do carrapaticida na forma de aspersão ou
pulverização é importantíssima para a eficácia do carrapaticida. A maioria dos
carrapaticidas existentes hoje no mercado são carrapaticidas de contato, ou
seja para terem o efeito desejado precisam atingir os carrapatos que se acham
junto à pele. Portanto, a pressão com que a calda carrapaticida sai do
aplicador é muito importante para que o produto ultrapasse a barreira do pelo e
atinja a pele do animal. Também é muito importante como esse banho será
executado, é o que nos ensina o pesquisador da EPAMIG, Daniel Rodrigues, no
segundo capítulo do livro. O pesquisador comparou a eficácia de banhos
aplicados com a bomba costal, o equipamento mais utilizado pelos produtores de
leite brasileiros, com câmara atomizadora e com um pulverizador estacionário
com motor (elétrico). O que funcionou melhor, com maior eficácia do banho, foi
o pulverizador com motor.
Em sequência vem descrito o trabalho com controle seletivo em duas
fazendas de gado de corte, situadas em cidades distintas no Rio Grande do Sul.
O doutorando Lew Kan Sprenger expôs o trabalho durante o IV Workshop Controle
do Carrapato no Instituto de Zootecnia em Nova Odessa, SP. Ele foi orientado do
professor Marcelo Beltrão Molento, o introdutor do método Famacha® de controle
seletivo da verminose em ovinos. A tentativa de efetuar um controle seletivo do
carrapato, aplicando o carrapaticida somente em quem estava mais infestado, foi
bem sucedida em ambas as propriedades, com grande economia de carrapaticida, e
sem prejuízos aparentes, mas mais estudos devem ser realizados.
As alternativas existentes de controle do carrapato para gado leiteiro foram
enumeradas pelas pesquisadoras do Instituto de Zootecnia Cecília José Veríssimo
e Luciana Katiki, que fizeram uma revisão sobre homeopatia, fitoterapia, e
outras alternativas, como a tosquia do pelame, uso de raças mais resistentes ao
carrapato como o mestiço Gir x Holandês (Girolando), e até mesmo o Jersey, raça
de origem europeia, porém que apresenta elevado grau de resistência ao
carrapato. Com uso de raça resistente ao carrapato (Gir) e boa alimentação e
manejo é possível não utilizar carrapaticida, segundo as autoras.
A próxima apresentação foi da pesquisadora Marcia Cristina Mendes,
pesquisadora do Instituto Biológico de São Paulo. A pesquisadora relata um
trabalho que realizou junto a produtores de leite de uma região deste Estado,
com a implantação do controle estratégico do carrapato. O trabalho teve a
participação ativa dos técnicos da CATI, e foi realizado em propriedades que
participavam do Projeto Cati Leite. A autora relata que o manejo preconizado pelo
CATI Leite (manejo intensivo de pasto de alta qualidade nutricional, adubado e
rotacionado), deve trazer benefícios para o controle do carrapato porque foi
encontrado baixo nível de infestação de carrapatos nestas fazendas.
O último capítulo tratou justamente do Projeto CATI Leite, comentado pelo
médico veterinário Carlos Pagani, responsável por sua implantação no Estado de
São Paulo. O autor mostra a importância da transferência de tecnologia e a
gestão da propriedade para a melhoria dos índices zootécnicos e aumento da
produtividade da propriedade, fixando o homem no campo.
Este livro é resultado do IV Workshop controle de Carrapato, ocorrido no
Instituto de Zootecnia, em agosto de 2014, e pode ser acessado gratuitamente clicando aqui!
Espera-se com este livro
aumentar e reciclar o conhecimento de técnicos e produtores sobre o
carrapato-do-boi e seu controle, colaborando para que este parasita possa ser
combatido de modo eficaz e sustentável.
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