Há uma importante
preocupação com a quantidade e qualidade da gordura na carne para alimentação
humana, e muitas vezes são atribuídos à gordura os efeitos nocivos ao organismo.
Para desmistificar o assunto, o Instituto de Zootecnia (IZ) da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou pesquisas recentes
sobre o perfil dos ácidos graxos, que compõem a gordura da carne de cordeiros superprecoces
de raças deslanadas brasileiras, revelando o efeito positivo à saúde, tornando-se
uma importante fonte de nutrientes.
O estudo
foi realizado no IZ, em parceria com a USP-CENA, pelos pesquisadores do IZ,
Mauro Sartori Bueno e Ricardo Lopes Dias da Costa, no projeto de pesquisa “Produção
de cordeiros para abate superprecoce de raças maternas brasileiras Santa Inês e
Morada Nova”. Foi avaliada a
gordura da carne de cordeiros das raças Santa Inês e
Morada Nova e dos cruzamentos com o animais da raça Dorper.
A pesquisa mostrou que a carne de cordeiros abatidos com
idade entre 100 e 130 dias, conhecidos como superprecoces, apresentam uma carne
magra com gordura de boa qualidade nutricional, detalhe importante em animais jovens.
Os pesquisadores salientam que a carne
de cordeiro superprecoce é uma tecnologia já consagrada no estado de São Paulo,
sendo utilizada pela maioria dos produtores, devido a excelente qualidade do
produto final e da aceitação no mercado consumidor. E o IZ é precursor na transferência da tecnologia do cordeiro superprecoce – abate em menos de 100 dias, com peso adequado às exigências do mercado,
carcaça de qualidade superior e sem qualquer resíduo de produtos químicos.
De
acordo com Mauro, o teor de gordura na carne e a composição do perfil de ácidos
graxos são benéficos para o consumidor, tanto pelo baixo teor de gordura, como pelo
perfil favorável dos ácidos graxos, importantes para prevenir problemas de
saúde.
“O
estudo colabora para desmistificar o receio da ingestão de carnes, que poderia
estar relacionado a possíveis problemas cardiovasculares, como aumento do mau
colesterol (LDL)”, detalha o pesquisador.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a ingestão de gordura na
relação entre os ácidos graxos bons (poliinsaturados e monoinsaturados) e ruins
(saturados) tenha índice 0,6, para prevenir a formação da Placa de Ateroma na
parede dos vasos sanguíneos. Outro índice importante é a relação entre
Omega 6 e Omega 3 que deve atingir o índice 10, evitando processos pro
inflamatórios.
O
pesquisador explicou que os resultados obtidos na pesquisa mostraram que a
carne de cordeiro superprecoce – animais jovens –, atendem os índices
considerados saudáveis para consumo humano. “Para ter uma ideia, os ácidos graxos
totais oleico, o mesmo que é encontrado em maior quantidade no óleo de oliva, foram
de 40%, percentual considerado muito bom para a saúde humana”, destacou.
Para o Secretário
da Agricultura, Arnaldo Jardim, o IZ tem se comprometido com a transferência de
tecnologias para a cadeia de produção animal ao atender tanto o produtor quanto
ao consumidor final, diante dos benefícios à saúde humana. “A saudabilidade dos
alimentos é fator ímpar nas exigências dos estudos científicos feitos pelos
Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo, conforme preconizam as propostas
do governador Geraldo Alckmin, diante do desenvolvimento e inovação tecnológica
da cadeia da proteína animal”, enfatizou.
A
diretora do IZ, Renata Helena Branco Arnandes, salientou a importância do
projeto de pesquisa que atende a demanda mundial de produtos com qualidades
nutricionais para saúde dos consumidores. “Os estudos atendem aos valores
nutricionais, exigidos pelos órgãos competentes de saúde na prevenção de
doenças, além de atender a demanda do mercado consumidor, transferindo
tecnologia de ponta ao produtor rural que poderá ofertar um produto com maior
valor agregado”, destacou Renata.
Importância das gorduras
A gordura como um todo é utilizada como fonte
de energia para o organismo humano, para o trabalho muscular e manutenção da
temperatura corporal no frio, com poder calórico 2,25 vezes mais que os
carboidratos açúcar e amido.
Os
ácidos graxos são agrupados em saturados, monoinsaturados e poliinsaturados, e
categorizados em ômega-3 e ômega-6. Eles contêm carbono e hidrogênio,
utilizados como energia pelas células, mantém os níveis saudáveis de gorduras
no sangue, possuem ação antioxidante no organismo, protegem contra hipertensão,
combate o excesso de colesterol ruim e combate o excesso de glicose.
Várias
classificações de ácidos graxos – unidades que compõem as gorduras –, presentes
nas carnes e em outros alimentos, estão relacionadas à saúde do consumidor –
como os lipídeos, linoleico, linolênico, oleico, esteárico, palmítico.
Por Lisley Silvério