Um estudo desenvolvido pelo Instituto
de Zootecnia, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, mostrou que as matrizes suínas criadas em baias coletivas e com alta
fibra na ração apresentaram um desempenho melhor durante o período de gestação.
O objetivo do estudo é identificar o melhor ambiente para o animal, com base na
alimentação e no sistema de criação dos animais.
Para
analisar o bem-estar de matrizes, o IZ realizou experimento sobre o sistema de
criação de porcas, que receberam ração com diferentes níveis de fibra bruta e foram
alojadas em baias individuais (gaiolas) e coletivas.
De acordo com o coordenador do projeto,
pesquisador Fábio Enrique Lemos Budiño, a meta é ampliar o conforto dos animais
durante a gestação. “As fibras visam o bem-estar dos suínos, o controle
excessivo de ganho de peso e minimizam o estresse decorrente do confinamento e
da restrição alimentar de fêmeas reprodutoras”, explicou.

De acordo
com alguns estudos, os alimentos ricos em fibras ativam mais rapidamente o
centro de saciedade cerebral dos suínos, mediante a dilatação das paredes do
estômago, e tornam a digestão dos ingredientes mais lenta pela menor taxa de
passagem gastrointestinal. Isso faz com que os animais com restrição alimentar
quantitativa permaneçam menos tempo em condição de estresse, por causa da
sensação de fome.
O conceito do uso de fibras é considerado
uma fonte alternativa de energia na alimentação de suínos destinados ao abate
nas fases de crescimento e terminação, além de animais para reprodução.
Outro
ponto chave do estudo foi a dieta oferecida às matrizes. A dieta utilizada
mostrou que o alto nível de fibra não interferiu no desempenho reprodutivo das
fêmeas, sendo, portanto indicado o feno de tífton na formulação da dieta das
porcas como alternativa de melhorar o bem-estar e diminuir o custo da ração.
Budiño
mencionou que o sistema de criação em baias coletivas, além de proporcionar
melhor conforto aos animais, diminuiu a estereotipia – comportamentos
repetitivos de estresse –, permitindo que as porcas revelassem um comportamento
mais próximo do natural.
O
experimento também mostrou que os valores de cortisol salivar, encontrados
durante a pesquisa, foram baixos, indicando que os animais não estavam
estressados.
Para Budiño ,a criação de suínos
evoluiu e passou a ser uma cadeia de produção que explora a atividade de forma
econômica e competitiva, com novas técnicas e modelos de coordenação das
atividades entre os fornecedores de insumos, produtores rurais, agroindústrias,
atacado, varejo e consumidores.
“O estudo foi muito importante para
atender essa demanda, pois mostrou que os animais devem ser mantidos em situações
ambientais que não causem estresse, melhorando o desempenho animal, levando à
melhor conversão alimentar e, consequentemente, diminuindo os custos”, explicou
o pesquisador.
A diretora do IZ Renata Helena Branco
Arnandes destacou que há grandes expectativas para o setor, principalmente, em
produzir um alimento de qualidade, “observando as implicações dessa produção ao
meio ambiente”. “As exigências surgem e a tecnologia busca atendê-las,
paralelamente, aos novos conceitos do consumidor sobre alimento sustentável e
saudável, buscando soluções de alojamento e manejo adequados”, falou.
“Pode-se
dizer que os três maiores desafios da agricultura moderna estejam no tripé
segurança alimentar, manutenção do bem-estar animal e questões ambientais”,
salientou Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento, ao reforçar
o cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo governador Geraldo Alckmin, em
melhor atender às necessidades do produtor rural e às expectativas do mercado
consumidor, provocando mudanças nos sistemas de criação.
Participaram deste projeto a aluna do curso de
mestrado do IZ, Renata de Fátima Nogueira Vieira, o professor Silvio de Paula
Mello, da Faculdade Doutor Francisco Maeda (Fafram), e a pesquisadora do IZ,
Keila Roncato Duarte.
Cenário
De acordo com a Associação Brasileira
dos Criadores de Suínos (ABCS), em 2015, a suinocultura brasileira registrou, o
Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 62,57 bilhões
gerou 126 mil empregos diretos e mais de 900 mil indiretos.
A entidade informa ainda que o País
registrou um plantel reprodutivo de mais de 1,7 milhão de matrizes
tenrificadas; o abate de 39,3 milhões de animais e uma movimentação de R$
149,86 bilhões em toda a cadeia produtiva. De acordo com o sistema de produção,
a suinocultura independente representa 38% da atividade, 23% das cooperativas e 39% da integração
A estimativa para este ano é que a
produção cresça 14% em relação a 2011, chegando a 3,8 milhões de toneladas. Já
as exportações deverão atingir um valor recorde em 2016, de aproximadamente 700
mil toneladas. Em relação ao consumo, é possível afirmar que nos últimos 20
anos o brasileiro aumentou em 113% a ingestão de carne suína.
Mais informações sobre o estudo
completo acesse o artigo científico no link http://dx.doi.org/10.1590/0001-3765201420140301