Segundo os coordenadores, pesquisadores do IZ, Ricardo Lopes Dias da
Costa e Fábio Prudêncio de Campos, o curso teve por objetivo incentivar a
produção ovina, apresentar novas alternativas aos produtores com tecnologias
desenvolvidas no IZ e orientar como agregar valor à produção com os derivados
processados artesanalmente. “Os participantes puderam aprender como melhorar a
qualidade de carcaça com técnicas apropriadas para terminação e abate dos
animais”, destaca Ricardo.
Na palestra sobre “Seleção em um rebanho ovino – Devo fazer ou será só
mais trabalho?”, a médica veterinária e pós-doutoranda na Universidade Estadual
do Norte Fluminense (UENF), Caroline Marçal Gomes David, abordou duas áreas
distintas, mas interligadas – a nutricional e a sanitária –, que merecem muita
atenção do produtor e de seus técnicos.
Caroline explica que a ovinocultura necessita intensificar a produção
para ser efetivada no mercado consumidor. O melhoramento genético, juntamente
com outras tecnologias de produção, é muito importante a ser considerado no
desenvolvimento da atividade. “A identificação e seleção dos animais com
potencial genético é o primeiro passo do produtor que busca por maior
produtividade do rebanho com menores custos de produção.”
A alimentação e a sanidade dos animais, segundo Caroline, são
consideradas de alto custo durante a produção. “No entanto, dentro de um
rebanho é possível encontrar animais produtivos – com maior produção de carne e
leite –, consumindo menor quantidade de alimentos e, também, animais que sejam
resistentes a doenças, principalmente verminoses, diminuindo os custos com
vermífugos”, explica.
“Cordeiro Paulista – Sistemas de
Produção e Campeonato” foi o enfoque do zootecnista Hélio de Almeida Ricardo,
diretor técnico da Aspaco – Associação Paulista de Criadores de Ovinos.
Atualmente, segundo o IBGE, o rebanho no estado de São Paulo alcança 377 mil
cabeças, sete estabelecimentos frigoríficos habilitados no SISP e 14
entrepostos habilitados para produção de cortes.
Hélio apontou os aspectos positivos e limitantes do sistema de produção
em São Paulo que possui uma cadeia produtiva melhor organizada, sendo o estado
com maior centro consumidor. Porém, 77% das propriedades rurais do Estado
possuem menos de 50 ha de área, alto valor da terra para a atividade e baixa
qualidade de mão de obra, além da concorrência com outras culturas, maior custo
de produção e o fato de a ovinocultura não ser vista como uma atividade
comercial.
Para o palestrante, o melhor caminho para equalizar os fatores
limitantes e fortalecer os aspectos positivos da produção de cordeiro está em o
produtor se tecnificar e se tornar eficiente. “O Sistema Cordeiro Paulista
reúne as características que favorecem isso”, enfatiza Hélio.
O Zootecnista apresentou como é estabelecido o sistema de produção do
Cordeiro paulista. Um sistema que reúne características adaptadas as condições
de São Paulo, utilização de raças especializadas para produção e cruzamentos,
cocho privativo terminação em confinamento e abate de animais com definição de
leite, peso de carcaça quente entre 13 a 20 Kg, conformação da carcaça e camada
de gordura de acima de 2 milímetro. “Carne de animal jovem e a terminação em
confinamento, fora do pasto, evita verminoses e melhora o acompanhamento da
alimentação do cordeiro”, detalha Hélio.
Prudêncio ainda enfatiza que para o produtor obter um rebanho de
qualidade é necessária muita atenção no cuidado alimentar e sanitário das
ovelhas gestantes, desde o processo da concepção até a parição, “para obter
cordeiros mais resistentes, respondendo ao potencial genético dos pais”.
O pesquisador Ricardo destacou que a eficiência dos reprodutores é
extremamente relevante para excelência na produção do rebanho. “O fator
verminose também deve ser observado para diminuir o número de animais sensíveis
aos parasitas e manter um rebanho resistente com melhor custo benefício”,
destaca.
Os produtores ainda foram orientados a ser mais atuantes nas reuniões da
Câmara Setorial de Ovinos para apresentarem sugestões e poderem unir mais o
grupo de criadores, alavancando esse nicho de mercado que aponta alta demanda
pelo produto, principalmente, nos restaurantes gourmets da região Sudeste do
Brasil.
O Curso buscou instruir o produtor no aproveitamento da carcaça de
cordeiros e na agregação de valor do produto processado, com as boas práticas
na fabricação de embutidos e defumados.
Na parte prática, orientados pelo engenheiro de alimentos, Marcos
Bisinella, os produtores participaram da demonstração de cortes comerciais,
realizados na região Sudeste do Brasil, com aula prática em carcaças e
demonstração da fabricação dos defumados e preparação dos produtos artesanais
como salame, hambúrguer, linguiça e Kafta.
O produtor e proprietário da Cabanha Tondela, Jesus Arriel Gomes Jr., do
município de Araras (SP), disse estar satisfeito com as informações recebidas
nas palestras que serão aplicadas em seu sistema de criação de ovinos. “Ao
longo de 16 anos de criação de ovinos temos empregado a tecnologia transferida
pelo IZ e sua equipe de profissionais”, destaca.
“Espero que ocorram mais cursos regulares para a formação de mão de obra
técnica e especializada em todas as etapas da cadeia produtiva da carne ovina.
Pois é muito importante para produtores que carecem de técnicos especializados
na área”, completa Arriel Gomes.
Rafael Freitas, de Uberaba (MG) também participou do curso e disse que
obteve as informações teóricas e práticas que buscava tanto sobre manejo,
seleção de animais como sobre os cortes especiais e defumados. “Pretendo
aplicar na distribuidora Cordeiro Seleto em Presidente Prudente (SP),
aumentando assim a oferta de produtos processados”, afirma Rafael.
O encontro recebeu o apoio dos parceiros Starrett, New Max, Aspaco e
Coopermota.
Por Lisley Silvério (MTb. 26.194)
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