24/06/2014
Instituto de Zootecnia: tradição no estudo do carrapato-do-boi
O carrapato do boi, espécie Rhipicephalus (Boophilus) microplus, é um ectoparasita que causa grandes prejuízos à saúde de bovinos suscetíveis, dependendo da infestação, pode causar até mesmo a morte de bovinos. O Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, tem tradição no estudo da relação entre este carrapato e seu hospedeiro, o gado bovino.
Mantendo a tradição do estudo do controle do carrapato a pesquisadora do IZ Cecília José Veríssimo está na coordenação do IV Workshop Controle do Carrapato, que será realizado dia 14 de agosto, no Instituto de Zootecnia. Com o tema “Resistência e Controle” serão abordados o controle químico, estratégico, alternativo (homeopatia e fitoterapia) e seletivo (tático).
Pioneirismo - O precursor na abordagem sobre o tema foi o veterinário João Barrison Villares, pesquisador, na época do antigo Departamento de Indústria Animal, que em 1941 publicou na Revista Científica do IZ – Boletim de Indústria Animal – estudo comparando a infestação natural entre as raças de origem europeia – Angus, Flamenga, Holandês Preto e Branco, Holandês Vermelho e Branco e Pardo Suíço; zebuínas – Guzerá, Gir e Nelore; e as raças nacionais – Caracu e Mocha Nacional.
De acordo com a pesquisadora do IZ, Cecília, nesse estudo ficou clara a resistência que apresentam as raças zebuínas e as raças nacionais, e a suscetibilidade que as raças de origem europeia apresentam em relação ao carrapato.
Na esteira do estudo da genética do gado e sua relação com o carrapato, ela ainda destaca, mais dois pesquisadores. O pesquisador aposentado Guilherme Paes Guaragna, do Polo Apta Pindamonhangaba, que publicou diversos trabalhos sobre a infestação do gado tipo “Mantiqueira” – raça de origem europeia, adaptada à região do Vale do Paraíba. E, mais recentemente, a própria pesquisadora Cecília Veríssimo, que no Mestrado trabalhou a resistência e suscetibilidade de gado mestiço leiteiro ao carrapato.
Pesquisa de ponta – Atualmente, Cecília disse que tem colaborado em trabalhos de ponta liderados pela professora Isabel K. F. Miranda Santos, pesquisadora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Um desses trabalhos, iniciado em maio, trata-se do projeto “Metabolismo do triptofano e resistência a carrapatos”. Tema de tese de pós-doutorado de Thiago Malardo, que “visa estudar a influência dos metabólitos gerados a partir do metabolismo do triptofano, na resistência ou suscetibilidade de bovinos ao Rhipicephalus (Boophilus) microplus”, destacou.
Outro trabalho pioneiro no Brasil e no mundo sob a liderança da professora Isabel e colaboração da pesquisadora Cecília, é com animais das raças Nelore e Holandês, provenientes e mantidos no IZ. “O estudo da química do cheiro emanado por esses animais, em estudos preliminares, sugerem que o Nelore pode ter um cheiro que repele o carrapato, enquanto o gado Holandês atrai”, explicou.
A pesquisadora do IZ comentou que o químico André Sarria, brasileiro, que trabalha em Rothamsted Research na Inglaterra, onde foi descoberto o piretroide, uma substância extraída da planta Chrysanthemum cinerariaefolium. Segundo o pesquisador, já é possível afirmar que o Nelore tem um cheiro característico próprio, assim como o gado Holandês.
Com o trabalho supervisionado pelo pesquisador Michael Birkett, o químico brasileiro esteve, recentemente, coletando amostras do cheiro dos animais. E disse que os cheiros são as misturas de compostos orgânicos voláteis.
“Sua identificação e caracterização estão sendo estudadas. Os compostos serão testados em larvas de carrapatos e, futuramente, poderão fazer parte de um produto eficiente e menos tóxico ao meio ambiente no controle de carrapatos”, afirmou Cecília.
PG: Produção Animal Sustentável – A pesquisadora Cecília é professora no curso de pós-graduação em Produção Animal Sustentável do Instituto de Zootecnia, e já orientou três teses sobre carrapato: “Caracterização de propriedades leiteiras do noroeste paulista quanto às pastagens e controle do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus”, trabalho da Médica Veterinária Flavia Vasques, funcionária da CATI de Votuporanga, que fez um trabalho de levantamento, dentre outros fatores, do controle do carrapato feito por produtores de leite da região noroeste paulista.
As duas outras teses, “Autolimpeza de novilhas Holandesas após infestação artificial com larvas do carrapato Rhipicephalus microplus”, de autoria da médica veterinária Fernanda Ferreira Pessoa. E a tese “Papila filiforme da língua de novilhas Holandesas e relação com a infestação de carrapato”, de autoria da médica veterinária Selma Marques D’Agostino, que fazem parte de um projeto que visa verificar as diferenças entre Nelore e Holandês quanto a infestação de carrapato, em colaboração com o Departamento de Bioquímica e Imunologia da USP, no qual pertence a professora Isabel e a pós-doutorando Alessandra Mara Franzin.
Vacina – O Instituto de Zootecnia também foi o local, segundo Cecília, onde uma vacina contra o carrapato, desenvolvida pela equipe de pesquisadores liderados pela professora Isabel, foi testada em bovinos. “A vacina teve uma eficácia em torno de 70% e está em fase de registro da patente, e, em breve, será comercializada”, afirmou.
Informações sobre o evento – “IV Workshop Controle do Carrapato: resistência e Controle” –, podem ser acessadas em www.iz.sp.gov.br/eventos.php. Para contatar a pesquisadora do IZ Cecília Veríssimo, email cjverissimo@iz.sp.gov.br
Lisley Silvério (MTb 26.194)
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