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Predição de rendimento de cortes cárneos e teor de gordura a partir de medidas de carcaça obtidas por ultrassonografia

Autores
Leandro Sannomiya Sakamoto

Resumo

RESUMO

 

Dentre os fatores que afetam a quantidade e qualidade da carcaça, destacam-se o peso, o rendimento de cortes cárneos e o teor de gordura. Os programas de melhoramento genético de bovinos de corte preconizam o uso das características de carcaça obtidas por ultrassonografia in vivo com o intuito de alterar a composição da carcaça dos animais. Entretanto, pouco se conhece sobre as relações entre as medidas obtidas por ultrassonografia e o rendimento de cortes cárneos e teor de gordura na carcaça de animais da raça Nelore. O objetivo do presente estudo foi avaliar a capacidade de predição do rendimento de cortes cárneos e do teor de gordura da carcaça de bovinos Nelore utilizando algumas medidas obtidas pelo ultrassom e na carcaça resfriada. Foram utilizados dados de 156 machos inteiros da raça Nelore, abatidos em 2008, 2009, 2010 e 2011, com idade aproximada de 18 meses. Foram obtidas as medidas da área do Longissimus na carcaça (AOL) e por ultrassom (AOLUS), espessura de gordura subcutânea no Longissimus na carcaça (EGS) e por ultrassom (EGSUS) e na garupa por ultrassom (EGGUS), além do peso da carcaça quente e do peso vivo. Após o abate, o rendimento de cortes cárneos foi considerado como as porções comestíveis da carcaça, traseiro, dianteiro e ponta-de-agulha, em quilogramas e em porcentagem, calculadas com base no peso da carcaça, do traseiro, do dianteiro e da ponta-de-agulha, respectivamente. O teor de gordura na carcaça, em quilogramas e em porcentagem, foi obtido através dos retalhos totais. A gordura da cavidade abdominal, em quilogramas e em porcentagem, foi calculada em relação ao peso da carcaça quente, foi considerada como representativo do teor de gordura corporal. Equações de predição para o rendimento de cortes cárneos ou para o teor de gordura corporal e na carcaça, a partir tanto das medidas obtidas por ultrassom, como na carcaça resfriada, foram desenvolvidas pelo método de regressão passo a passo (stepwise). As correlações estimadas entre medidas obtidas por ultrassom e na carcaça foram de 0,65 para área do Longissimus e 0,63 para espessura de gordura subcutânea. Os modelos de predição utilizando como variáveis independentes medidas no animal vivo foram melhores que os que incluíram como variáveis as medidas na carcaça, levando-se em conta o R2 e a estatística Cp. Em relação às porções comestíveis, melhores equações foram encontradas quando as variáveis foram expressas em quilogramas, explicando entre 53 e 96% da variação. A porção comestível da carcaça em quilogramas obteve uma equação de predição confiável, com R2 = 0,93, para utilizá-lo. Quando as mesmas variáveis foram expressas em porcentagem, a qualidade de ajuste dos modelos diminuiu, explicando 4 a 24% da variação. Em relação à gordura na carcaça, as equações determinadas com as variáveis expressas em quilogramas explicaram 39 a 79% da variação, enquanto que as equações determinadas com as mesmas variáveis expressas em porcentagem explicaram 3 a 42% da variação. Nas equações para estimar as porções comestíveis da carcaça e de cortes primários, quando as variáveis foram expressas em quilogramas, o peso vivo explicou grande parte da variação, assim como também foram maiores os coeficientes de correlação encontrados entre estas características. Quando as variáveis foram expressas em porcentagem, o peso vivo não apresentou alta associação com as mesmas. As medidas EGSUS e EGGUS, quando incluídas, melhoraram os modelos de predição do teor de gordura corporal e na carcaça. As medidas de carcaça obtidas por ultrassonografia podem ser usadas nos modelos de predição para melhorar a precisão e a acurácia das estimativas, tanto para rendimento de cortes cárneos, como para teor de gordura corporal e na carcaça.

 

PALAVRAS-CHAVE: cortes comerciais, equações, machos, Nelore, porção comestível, ultrassom.

 

 

 

ABSTRACT

 

Among the factors that affect carcass quantity and quality, the most important are weight, retail cuts yield and carcass fat content. Retail cuts yield from carcass quarters are economically important for meat industry. Beef cattle genetic improvement programs recommend the use of carcass traits obtained by ultrasound in order to change carcass composition. However, little is known about the relationships between measurements obtained by ultrasonography, retail cuts yield and carcass fat of Nellore cattle. This study aimed to evaluate the predictive ability of retail cuts and carcass fat of Nellore cattle using some measures obtained by the ultrasonography technique and on chilled carcass. Data of 156 Nellore bulls, slaughtered in 2008, 2009, 2010 and 2011, approximately 18 months old were utilized. Measures of Longissimus muscle area on carcass (LMA) and by ultrasound (ULMA), subcutaneous fat thickness in loin on carcass (FAT) and by ultrasound (UFAT) and in rump by ultrasound (URFAT), hot carcass weight and slaughter body weight. After slaughter, retail cuts yield was considered as the carcass, hindquarter, forequarter and spare ribs edible portions, in kilograms and percentage calculated based on carcass, hindquarter, forequarter and spare ribs weights, respectively. Trimmings, in kilograms and percentage, were obtained through the fatty shavings. Abdominal cavity fat, in kilograms and percentage calculated based on hot carcass weight, was considered as representative of body fat content. Prediction equations for retail cuts yield or body and carcass fat content from both the measurements obtained by ultrasound in the living animal, such as those obtained on chilled carcass, were developed by stepwise regression method. The correlations between the same measurements obtained by ultrasound and on carcass were 0.65 for Longissimus area and 0.63 for fat thickness. The prediction models using live animal measures as independent variables were better than those that included as carcass measures, taking into account the coefficient of determination and the Cp statistical model. Regarding edible portions, best equations were found when variables were expressed in kilograms, explaining between 53 and 96% of the variation. The edible portions of the carcass in kilograms obtained a reliable prediction equation with R2 = 0.93, to use it. When the same variables were expressed as percentages, the quality of the models declined, explaining only 4 to 24% of the variation. Regarding carcass fat, equations determined based on variables expressed in kilograms explained 39 to 79% of the variation, while the equations determined with the same variables expressed in percentage explained 3 to 42% of the variation. In the equations to estimate carcass and its quarters edible portions, when the variables were expressed in kilograms slaughter body weight explained most of the variation, and also were detected the highest correlation coefficients between traits. When the variables were expressed as percentages, slaughter body weight did not show high association with them. UFAT and URFAT, when included, improved models for predicting body and carcass fat. Carcass measures obtained by ultrasound on live animals can be used in predictive models to improve estimates precision and accuracy for both meat cuts yield and body and carcass fat.

 

KEYWORDS: bulls, edible portion, equations, meat cuts, Nellore, ultrasound.

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