Autores
Aska Ujita
Resumo
O trabalho teve como objetivo estudar a importância da saúde do úbere e do bem-estar animal para a produção leiteira da raça Gir, apresentando duas hipóteses: se o nível de lactoferrina do leite está relacionado com a produção e a composição do leite e, se o estímulo tátil no período pré-parto influencia o comportamento e a produção leiteira. No trabalho com lactoferrina (LF) avaliaram-se 45 primíparas, em duas provas de leite a pasto, sendo coletadas a produção leiteira (PL) diária e amostras mensais de leite para as análises laboratoriais do teor de LF e dos demais constituintes do leite (escore de células somáticas (ECS) e os percentuais de gordura (%G), proteína (%P), lactose (%L) e os sólidos totais (ST)). A concentração média de LF foi de 16,80±12,41 μg/mL de leite, apresentando queda até o terceiro mês de lactação com menor concentração (8,65 μg/mL) e, posteriormente, aumento ao longo da lactação com os maiores níveis nos 9º e 10º meses (30,63 e 34,31 μg/mL), indicando que a fase de lactação influencia a sua concentração no leite. O teor de LF sofreu alterações conforme a saúde do úbere, acompanhando a contagem de células somáticas e havendo uma correlação positiva com o ECS (r=0,64). A LF e a PL apresentaram uma correlação negativa (r=-0,47). Em geral, a tendência das curvas de LF e os demais constituintes (%L, %G, %P e %ST) foi na mesma direção ou manteve-se constante no decorrer da lactação, houve, portanto, uma relação destas características em função do nível de PL possivelmente pelo efeito de concentração e influência na síntese dos mesmos. A alta correlação (0,47) entre a LF e a proteína, provavelmente se deve pela própria LF ser uma proteína. Deste modo, a concentração de LF no leite de vacas primíparas da raça Gir teve uma forte relação com o nível de PL e a saúde do úbere e, em relação aos teores dos constituintes do leite, existiu um efeito de concentração e uma influência na síntese dos mesmos. No estudo com o estimulo tátil no período pré-parto utilizaram-se dois tratamentos, um recebeu estimulação tátil (afago) e outro não (controle). Foram utilizadas 27 vacas no tratamento afago, e destas, devido às adversidades, avaliaram-se a lactação e o comportamento de 21 vacas. O grupo controle continha 21 vacas. O treinamento ocorreu dentro do brete durante o período pré-parto, duas vezes por dia por 5 minutos/animal durante 14 dias consecutivos. A estimulação foi realizada escovando-se o corpo das vacas. Foram avaliados os parâmetros comportamentais (comportamento no momento da entrada ao brete, durante a escovação e no momento da saída do brete) e fisiológicos (temperatura retal e frequência respiratória) durante o treinamento do afago para o grupo tratado e durante a ordenha (comportamento no momento da entrada à sala de ordenha e durante a ordenha) para os dois grupos. Além do comportamento, foram avaliados a PL e o leite residual dos dois grupos nos 15, 30 e 45 dias de lactação do período da manhã para posterior comparação. O comportamento dos animais, ao longo do treinamento demonstrou uma melhoria, sugerindo a aceitação do contato físico humano quando este é positivo. Na PL, observou-se que o manejo com estimulação tátil positiva foi eficaz em novilhas, aumentando sua produção e diminuindo o leite residual, entretanto, em multíparas não foram significativos. Diante disso, o treinamento no período pré-parto é efetivo e a escovação é uma boa alternativa para amansar e dessensibilizar os animais ao contato físico humano e ferramentas, refletindo, desse modo, na PL, reduzindo o leite residual. Além disso, os resultados mostram a importância do tratamento com interações positivas no manejo diário principalmente em animais jovens.
Palavras-chave: comportamento, Gir Leiteiro, lactoferrina, leite residual, produção de leite.
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