Autores
Gleice Kellen Bassi
Resumo
Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito de medidas de
eficiência alimentar, desempenho, composição corporal e perfil lipídico de bovinos
Nelore. A compilação de três experimentos de terminação e abate realizados no Centro
Avançado de Pesquisa de Bovinos de Corte, com o total de 87 machos da raça Nelore,
abatidos após período de terminação para ganho de gordura corporal. Os animais foram
classificados como eficientes ou não eficientes de acordo com medidas de eficiência
alimentar: consumo alimentar residual (CAR), ganho de peso residual (GPR) e consumo
e ganho residual (CGR). Foram determinadas medidas de desempenho, composição
corporal e perfil de AG da gordura do músculo Longissimus. As composições químicas
do corpo vazio e da carcaça foram estimadas de acordo com equações da literatura.
Coeficientes de correlação de Pearson foram calculados para investigar a associação
entre as variáveis estudas. O modelo estatístico incluiu efeitos fixos, classe de
eficiência, rebanho e dieta. Idade ao abate utilizada como co-variável. Ano utilizado
como efeito aleatório. As interações entre os efeitos fixos foram testadas, sendo não
significativas e retiradas do modelo. As médias foram calculadas pelo método dos
quadrados mínimos e comparadas pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Os
efeitos foram considerados significativos quando P≤ 0,05, e tendência quando P≤ 0,10.
Animais classificados como eficientes de acordo com o GPR apresentaram maior ganho
médio diário de peso (1,16 vs. 0,860kg/d; P <,0001) e maior CGR que os animais não
eficientes. Todas as medidas de eficiência alimentar foram correlacionadas entre si. Não
houve efeito significativo da classe de CAR sobre o desempenho dos animais,
entretanto, animais classificados como eficientes de acordo com o CGR apresentaram
menor consumo de matéria seca (6,31 vs. 7,15kg/d; P = 0.004) e maior ganho de peso
(1,11 vs. 0,890kg/d; P = 0.002) que os não eficientes. A composição corporal dos
animais não foi afetada pela eficiência alimentar em nenhuma das medidas estudadas.
Animais classificados como eficientes quanto ao CAR, quando comparados aos não
eficientes, apresentaram menor teor dos AG vacênico (1,61 vs. 1,80g/100g; P = 0,010),
CLA (0,355 vs. 0,420g/100g; P = 0,087) e docosatetraenóico (0,568 vs. 0,718g/100g; P
= 0,044), em contrapartida, apresentam maior teor dos AG eicosadienóico (0,053 vs.
0,042g/100g; P = 0,076) e docosapentaenóico (0,415 vs. 0,294g/100g; P = 0,065). A
classificação pela medida GPR exerceu efeito no AG araquídico sendo menor (0,068 vs.
0,077g/100g; P = 0,011) nos animais eficientes, também influenciou o AG esteárico
sendo maior (15,0 vs. 13,8g/100g; P = 0,095) nos animais eficientes. A mesma
influencia sobre o AG esteárico ocorreu na classificação por CGR (14,9 vs. 13,7g/100g;
P = 0,078). Em conclusão as medidas de eficiência utilizadas CAR, GPR e CGR não
impactaram negativamente as características da carcaça. A classificação quanto ao CAR
foi a que mais teve efeito sobre o perfil de ácidos graxos, influenciando principalmente
as famílias ω-3 e ω-6. Entretanto, os animais eficientes quanto a GPR e CGR
apresentaram influência negativa sobre a atividade da enzima Δ9 dessaturase 18, o que
pode impactar negativamente a qualidade da carne, ao aumentar o ponto de fusão da
gordura presente no músculo Longissimus, prejudicando as características sensoriais da
carne.
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