Autores
Bruna Costa Rodrigues Wedy
Resumo
A mosca Cochliomyia hominivorax é uma das principais espécies causadoras de miíase
cutânea, que invade primariamente as feridas preexistentes de mamíferos. A infestação das
larvas dessa mosca no tecido vivo influencia negativamente a rentabilidade da atividade
pecuária, levando a perdas econômicas importantes devido ao gasto com medicamentos e
tempo para tratamento das feridas, podendo ocasionar muitas vezes, a morte do animal
quando não controlada a tempo. A ivermectina (IVM) é muito utilizada pelos produtores
como método preventivo das miíases por apresentar características de longa ação e de ampla
margem de segurança para os animais, porém o uso indiscriminado dessa molécula tem
induzido à resistência parasitária, já descrita em literatura. Diante disso, o presente estudo teve
por objetivo realizar testes in vitro avaliando a atividade da Ivermectina (Sigma Aldrich®) nas
concentrações 50,0 μg/ml, 5,0 μg/ml, 0,5 μg/ml, 0,05 μg/ml e 0,0 μg/ml em larvas de
primeiro (L1), segundo (L2) e terceiro (L3) estádio do isolado de C. hominivorax mantido no
laboratório de Parasitologia do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa-SP. Os valores da CL50
(concentração letal para 50% das larvas) da IVM foram 4,72 μg/mL, 3,49 μg/mL e 9,58
μg/mL para L1, L2 e L3, respectivamente. Também foram realizados testes in vivo, com o
mesmo isolado, para encontrar a eficácia preventiva persistente de uma formulação comercial
injetável de Ivermectina 1% em doses de 200μg/kg (grupo G1), 400μg/kg (grupo G2) e
600μg/kg (grupo G3) após tratamento único de bovinos infestados artificialmente com 100
larvas em estádio L1, em lesões cutâneas induzidas cirurgicamente por animal, por meio da
contagem de larvas em estádio L3, em comparação com grupo controle não tratado. Os valores
de eficácia da IVM para os grupos G1, G2 e G3 foram respectivamente 39,8% (4 dias após o
tratamento), 13,4% (12 dias após o tratamento) e 7,95% (4 dias após o tratamento). O estudo
foi desenvolvido propondo-se atribuir sustentabilidade ao sistema de produção pecuário, uma
vez que os testes in vitro ofereceram diagnóstico precoce da eficácia da IVM e os testes in
vivo conferiram legitimidade ao estudo a partir dos resultados obtidos. Dessa forma, para o
isolado de mosca estudado, demonstrou-se a baixa eficácia da IVM por meio da concordância
de resultados dos estudos in vitro com a baixa eficácia nos estudos in vivo, nas dosagens
padrão, duplicada ou triplicada de uma formulação comercial de IVM 1% injetável. Os
resultados obtidos evidenciam a necessidade de se utilizar produtos eficazes e seguros (para os
animais, para os humanos e para o ambiente) e de bom custo-benefício para o produtor,
visando-se a produção de alimentos seguros.
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